Simplesmente ocorreu. Aconteceu. Concretizou-se.
O estranho e único momento em que somos fisgados por um lance de dados. A coincidência extrema. Talvez o destino que bata na porta ou uma conspiração de anjos a seu favor. O telefonema.
Os dias passavam mornos por fora, conturbados e revoltos no interior.
Calma aparente, amargura roendo um pedaço de alma.
As questões pessoais eram as mais comuns: valorização, autoestima, envelhecer com dignidade. A eterna espera por uma ligação que aprove ou não o projeto que vai mudar a sua vida para melhor.
Crise ou azar, a verdade é que os planos são derrubados um a um. E você se esforça para não sucumbir. Quase acredita na força do pensamento positivo. A energia existe, o teatro em torno dela é que incomoda.
E então você está atenta, apesar de um tanto quanto conformada quando compra 5 livros para não perder o hábito. E o telefone toca.
Não é quem você espera. Não é o que você espera. É uma voz conhecida, embora nada íntima. Um tom de convocação para um próximo passo inesperado. Você topa. E em 24 horas sua rotina vira de ponta cabeça.
Back in business. Você não desistiu.
Foi assim mesmo. Por conta de um único telefonema, às 10 da noite, quando você tinha certeza que nada interromperia a leitura do livro que acabou de comprar.
O acaso e os anjos são geniais.
Escrever sobre cinema e sobre a vida que corre solta mantém meus olhos abertos enquanto o futuro invade, maroto, a minha praia.
domingo, 29 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
A AMÉRICA DE CLINT EASTWOOD

Entrei no cinema para ver GRAN TORINO esperando um solo de Clint, ator politicamente envolvido com o partido republicano desde os anos 50 e considerado conservador nos moldes do chamado "progressismo" norteamericano.
O filme é mesmo um solo do eterno Dirty Harry, agora mais maduro e ainda mais amargo. Mas que solo.... e que roteiro subreptício, no bom sentido. Um retrato dolorido do "puzzle" no qual se transformou a sociedade americana. Um quebra-cabeça de culturas e costumes que transformaram as ruas das grandes e médias cidades dos Estados Unidos em guetos controlados por gangues das mais variadas procedências.
Um coroa americano racista, enlutado, amargo e grosseiro. A intolerância ambulante. E um subúrbio típico, dominado pelas tais gangues de latinos, asiáticos e negros. Nas ruas, ser bonzinho ou tentar encontrar um rumo na vida pode ser o passaporte para o inferno.
O filme é um manifesto contundente contra a intolerância e uma crítica bem humorada à ditadura do politicamente correto que invadiu o país de Obama. Num país que abriga imigrantes de todas as partes do planeta, os amigos contam piadas de judeus, italianos, polacos, irlandeses e negros. E depois tomam uma gelada sem culpa.
O final é melodrama puro. Mas a performance de Clint vale cada fotograma. Não faz mal que ele tenha feito campanha para Nixon e votado duas vezes em Schwarzenegger. Desde BIRD - um belíssimo filme (1988) sobre o grande Charlie Parker - acompanho com admiração todas as suas empreitadas.
sábado, 14 de março de 2009
Depressão, ciúme, loucura?
Que estranhos caminhos percorre a mente de um homem que dirige um carro, agride a mulher com o extintor de incêndio na frente da filha de 5 anos , abre a porta e empurra a mãe da menina com o veículo em alta velocidade, vai até o aeroporto local, invade um avião, decola - sem saber pilotar - leva a filha para uma aventura fatal e se joga ou cai em cima de um estacionamento de shopping na cidade de Goiânia?
Que demônios habitam esse ser?
A família conta que ele estava deprimido. OK. Depressão aguda é mesmo um demônio à espreita. Mas será a depressão a razão de todo esse drama? Um drama que matou um adulto enlouquecido e, PRINCIPALMENTE, uma criança de 5 anos? Uma menina que vivenciou, num curtíssimo espaço de tempo, as emoções mais desconcertantes e avassaladoras que um ser humano pode vivenciar? Uma garotinha que deveria se sentir protegida e amada na presença dos pais e que antes de morrer ainda é obrigada a testemunhar a crueldade e a insensatez que invadem a alma de um adulto que ela aprendeu a chamar de pai?
E a mãe, em coma, que ainda vai ter que acordar para viver a PERDA absoluta, com letras maiúsculas?
Que universo é esse em que crianças de 9 anos engravidam de padrastos, em que a igreja católica condena abortos mas não estupradores, em que um adolescente alemão assassina 16 colegas e um pai embarca com a filha para o céu e despenca no inferno?
Pergunto: será que a física quântica ou alguma outra lei fascinante e misteriosa dos buracos negros explicam a razão de ser de tudo isso?
Peço ajuda aos universitários.
Que demônios habitam esse ser?
A família conta que ele estava deprimido. OK. Depressão aguda é mesmo um demônio à espreita. Mas será a depressão a razão de todo esse drama? Um drama que matou um adulto enlouquecido e, PRINCIPALMENTE, uma criança de 5 anos? Uma menina que vivenciou, num curtíssimo espaço de tempo, as emoções mais desconcertantes e avassaladoras que um ser humano pode vivenciar? Uma garotinha que deveria se sentir protegida e amada na presença dos pais e que antes de morrer ainda é obrigada a testemunhar a crueldade e a insensatez que invadem a alma de um adulto que ela aprendeu a chamar de pai?
E a mãe, em coma, que ainda vai ter que acordar para viver a PERDA absoluta, com letras maiúsculas?
Que universo é esse em que crianças de 9 anos engravidam de padrastos, em que a igreja católica condena abortos mas não estupradores, em que um adolescente alemão assassina 16 colegas e um pai embarca com a filha para o céu e despenca no inferno?
Pergunto: será que a física quântica ou alguma outra lei fascinante e misteriosa dos buracos negros explicam a razão de ser de tudo isso?
Peço ajuda aos universitários.
domingo, 8 de março de 2009
Trabalho temos de sobra!

Os jornais deste domingo trazem um cardápio variado de mulheres ao redor do mundo.
Na comemoração do dia Internacional da Mulher, os fotógrafos do planeta capricharam. De Kandahar a Madri, do Rio a Manila, estão lá as imagens dos movimentos populares que ocupam as ruas das grandes cidades no dia de hoje.
Entre as fotos escolhi a que, na minha opinião, resume com perspicácia a arte e o fardo de ser mulher. E cá entre nós, a frase do cartaz é boa demais, né não? Queremos emprego porque trabalho já temos de sobra. Isso é verdade aqui no Brasil ou lá em Estocolomo, confere?
quinta-feira, 5 de março de 2009
Igreja católica: estupra......mas não mata

Não bastou o estupro de uma menina de 9 anos.
Não foi suficiente o fato dela ter engravidado de gêmeos.
Também parece que não foi levado em consideração o quadro clínico da criança, que só fez se agravar durante a gravidez.
Mas a insensatez inesgotável da Igreja Católica marcou presença: além de contrária à interrupção da gravidez, ameaça processar a mãe da menina por homícidio. Sendo que a legislação brasileira permite o aborto em vítimas de estupro até a vigésima semana de gravidez.
A menina tem 1,33m e pesa 36 quilos. Precisa dizer mais alguma coisa?
E o padrasto estuprador? Essa é uma outra história. Uma história que se repete Brasil afora. Padrastos estupram, pais estupram, tios estupram....
Para milhares de meninas vítimas da psicopatia de parentes e afins, a tortura pode durar anos. E o pior: carregam a culpa do proibido e do inconfessável. Em muitos lares, quando a criança abre a boca para denunciar o assédio ou o estupro, é imediatamente espancada. Muitas vezes pela própria mãe.
Já imaginou se alguém, na cadeia, aponta para o padrasto e comenta que ele é o homem que além de estuprar e engravidar uma criança de 9 anos, abusava sistematicamente da irmã da menina, uma deficiente física e mental de 14 anos ?
Não foi suficiente o fato dela ter engravidado de gêmeos.
Também parece que não foi levado em consideração o quadro clínico da criança, que só fez se agravar durante a gravidez.
Mas a insensatez inesgotável da Igreja Católica marcou presença: além de contrária à interrupção da gravidez, ameaça processar a mãe da menina por homícidio. Sendo que a legislação brasileira permite o aborto em vítimas de estupro até a vigésima semana de gravidez.
A menina tem 1,33m e pesa 36 quilos. Precisa dizer mais alguma coisa?
E o padrasto estuprador? Essa é uma outra história. Uma história que se repete Brasil afora. Padrastos estupram, pais estupram, tios estupram....
Para milhares de meninas vítimas da psicopatia de parentes e afins, a tortura pode durar anos. E o pior: carregam a culpa do proibido e do inconfessável. Em muitos lares, quando a criança abre a boca para denunciar o assédio ou o estupro, é imediatamente espancada. Muitas vezes pela própria mãe.
Já imaginou se alguém, na cadeia, aponta para o padrasto e comenta que ele é o homem que além de estuprar e engravidar uma criança de 9 anos, abusava sistematicamente da irmã da menina, uma deficiente física e mental de 14 anos ?
segunda-feira, 2 de março de 2009
Campanha Veja outras Caras
Achei a iniciativa muito boa. A campanha já corre solta por aí, mas vale a pena mais um empurrão, né mesmo?
Por: Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá – Jornalistas e fotógrafos independentes. http://mediaquatro.sites.uol.com.br
De nada adianta berrar contra a mídia hegemômica se não houver alternativas à disposição da população. Se a televisão brasileira e os jornalões são dominados por um punhado de famílias, e as rádios comunitárias e livres continuam sob repressão de políticos e igrejas que não querem dividir o dial, as publicações dos trabalhadores em papel não sofrem a mesma perseguição. Mas a distribuição em bancas também é dominada por um cartel que se recusa a entregar as revistas de maior circulação para quem insiste em vender material de “concorrentes”.
Já que os donos de bancas não podem prescindir economicamente das hegemônicas e as tiragens das populares são menores, estas, quando são vendidas, normalmente ficam de fora das prateleiras mais visíveis e quase nunca nas vitrines. Além disso, devido aos custos de papel e produção, os preços também não podem ser muito diferentes…Como, então, levar ao público leitor uma informação alternativa de qualidade e de graça? Nossa humilde sugestão é a singela Campanha Veja outras Caras!
A ideia é simples: trocar algumas publicações da mídia hegemônica disponíveis em lugares públicos, por revistas, jornais, boletins e outros materiais de conteúdo diferenciado. Afinal, quem já não teve de ficar horas na sala de espera de um consultório, escritório ou repartição tendo à mão para leitura apenas revistas sobre a vida das “celebridades” ou panfletos da direita disfarçados de semanários pseudo-informativos? E o que é pior: essas publicações normalmente são antigas, perpetuando sua condição hegemônica (como se não houvesse alternativa) e reafirmando conceitos e ideologias que quando não são francamente mentirosos ou preconceituosos, são contrários aos interesses dos trabalhadores, como o estímulo ao consumismo e à manutenção do status quo.
A Campanha Veja outras Caras não requer prática nem tampouco habilidade. O investimento financeiro, quando ocorre, é irrisório por ser distribuído entre vários agentes e sempre absorvido intelectualmente pelos autores antes das ações. Pode ser considerada uma prática de guerrilha midiática, mas não é ilegal nem traz danos às pessoas atingidas, a não ser talvez ao seu preconceito. E você ainda pode se livrar do acúmulo de papel em casa, que na era da Internet serve mais para juntar poeira e atrair cupins.
Para fazer parte da Campanha Veja outras Caras, basta simplesmente levar consigo, sempre que for passar por uma sala de espera, algumas boas publicações já lidas, atuais ou não, ou até mesmo textos interessantes de sites e blogs impressos em papel reutilizado (verso de sulfite já usado). Também valem fanzines, revistas semanais ou mensais que você considere de real credibilidade, jornais de bairro, quadrinhos, publicações sobre cultura, música, literatura, culinária, viagens e até livros que estejam apenas ocupando lugar nas estantes. Aí é só “trocar” seu bom material de leitura pelo lixo que estiver disponível. E dar um fim decente ao papel “recolhido”, como mandar para reciclagem, forrar a caixa de areia do gatinho, fazer esculturas de papier mâché, acender o carvão do churrasco…
Por: Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá – Jornalistas e fotógrafos independentes. http://mediaquatro.sites.uol.com.br
De nada adianta berrar contra a mídia hegemômica se não houver alternativas à disposição da população. Se a televisão brasileira e os jornalões são dominados por um punhado de famílias, e as rádios comunitárias e livres continuam sob repressão de políticos e igrejas que não querem dividir o dial, as publicações dos trabalhadores em papel não sofrem a mesma perseguição. Mas a distribuição em bancas também é dominada por um cartel que se recusa a entregar as revistas de maior circulação para quem insiste em vender material de “concorrentes”.
Já que os donos de bancas não podem prescindir economicamente das hegemônicas e as tiragens das populares são menores, estas, quando são vendidas, normalmente ficam de fora das prateleiras mais visíveis e quase nunca nas vitrines. Além disso, devido aos custos de papel e produção, os preços também não podem ser muito diferentes…Como, então, levar ao público leitor uma informação alternativa de qualidade e de graça? Nossa humilde sugestão é a singela Campanha Veja outras Caras!
A ideia é simples: trocar algumas publicações da mídia hegemônica disponíveis em lugares públicos, por revistas, jornais, boletins e outros materiais de conteúdo diferenciado. Afinal, quem já não teve de ficar horas na sala de espera de um consultório, escritório ou repartição tendo à mão para leitura apenas revistas sobre a vida das “celebridades” ou panfletos da direita disfarçados de semanários pseudo-informativos? E o que é pior: essas publicações normalmente são antigas, perpetuando sua condição hegemônica (como se não houvesse alternativa) e reafirmando conceitos e ideologias que quando não são francamente mentirosos ou preconceituosos, são contrários aos interesses dos trabalhadores, como o estímulo ao consumismo e à manutenção do status quo.
A Campanha Veja outras Caras não requer prática nem tampouco habilidade. O investimento financeiro, quando ocorre, é irrisório por ser distribuído entre vários agentes e sempre absorvido intelectualmente pelos autores antes das ações. Pode ser considerada uma prática de guerrilha midiática, mas não é ilegal nem traz danos às pessoas atingidas, a não ser talvez ao seu preconceito. E você ainda pode se livrar do acúmulo de papel em casa, que na era da Internet serve mais para juntar poeira e atrair cupins.
Para fazer parte da Campanha Veja outras Caras, basta simplesmente levar consigo, sempre que for passar por uma sala de espera, algumas boas publicações já lidas, atuais ou não, ou até mesmo textos interessantes de sites e blogs impressos em papel reutilizado (verso de sulfite já usado). Também valem fanzines, revistas semanais ou mensais que você considere de real credibilidade, jornais de bairro, quadrinhos, publicações sobre cultura, música, literatura, culinária, viagens e até livros que estejam apenas ocupando lugar nas estantes. Aí é só “trocar” seu bom material de leitura pelo lixo que estiver disponível. E dar um fim decente ao papel “recolhido”, como mandar para reciclagem, forrar a caixa de areia do gatinho, fazer esculturas de papier mâché, acender o carvão do churrasco…
domingo, 1 de março de 2009
Ricardo Soares, Ciro e Serra


Sempre que leio alguma coisa sobre o deputado Ciro Gomes lembro do meu querido amigo Ricardo Soares.
Pois no Panorama Político do Globo deste domingo está lá. Parece que fez água a relação de Ciro com o PT. E diante de tamanho desgaste o parlamentar já estaria admitindo a possibilidade de fazer uma aliança com José Serra para 2010.
Segundo a coluna, o político cearense foi curto e grosso: " Querem propor aliança com Serra? Eu discuto. Em que termos?"
Uau.............quer dizer então que o ex-governador e ex-ministro já é quase um tucano? Quanta flexibilidade, hein, Ric?
Pois no Panorama Político do Globo deste domingo está lá. Parece que fez água a relação de Ciro com o PT. E diante de tamanho desgaste o parlamentar já estaria admitindo a possibilidade de fazer uma aliança com José Serra para 2010.
Segundo a coluna, o político cearense foi curto e grosso: " Querem propor aliança com Serra? Eu discuto. Em que termos?"
Uau.............quer dizer então que o ex-governador e ex-ministro já é quase um tucano? Quanta flexibilidade, hein, Ric?
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