sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Livros imperdíveis


Como disse meu amigo Ricardo Soares, depois que começa vira vício. Fui visitar o Diário da Mulher Aranha, escrito por uma portuguesa que vive em Bruxelas, e pesquei uma dica de livro que já virou febre mundial. É o Os Homens que não amavam as mulheres (Companhia das Letras), da trilogia Millennium, do escritor e jornalista sueco Stieg Larsson, que morreu ao 50 anos, em 2004, antes mesmo de conhecer e usufruir o sucesso de seus livros. Fui clicando aqui e ali e dei de cara com o blog do Favre, husband de nossa ex-prefeita paulistana. Elogios mis. Cliquei ainda mais e fui parar em outro blog português, escrito por um Pedro Cavaco com carinha de criança. Sortudo, o Pedro já aguardava, para novembro passado, a chegada do segundo livro da trilogia, A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo. Em Portugal, o título do primeiro livro da série é bem diferente do nosso tupiniquim: Os Homens que odeiam as mulheres. Mais interessante, né não? Esta é a primeira vez que gosto de um livro por antecipação, sem ter aberto ainda a primeira página.


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Quando o preconceito escapole

Sabe quando estamos no meio de uma conversa e de repente nos pegamos falando alguma coisa absolutamente preconceituosa? Algo na linha do " tem trabalho pra todo mundo, quem não consegue é preguiçoso"? Ou ainda: " puxa, que legal, seu filho é homossexual? Mas o que foi que houve com ele, foi infeliz em algum namoro com mulher"?
Em tempos sombrios e hipócritas de obrigações politicamente corretas considero fundamental olhar pra dentro de nós mesmos e tentar separar aquilo que de fato somos daquilo que estamos exibindo na passarela da vida. O deslize ao definir o companheiro ao lado como negro, em vez de afro-brasileiro, é mero detalhe perto da atitude cotidiana que nossa classe média adota para tratar ou se referir aos mais pobres e aos nossos empregados.
Em tempos do mais absoluto individualismo repetimos, todos os dias, a tradição da casa grande e senzala. E alisamos, com aparente comiseração,o abismo que nos separa de nossos subordinados, menos afortunados.
Em tempos de guerra no Rio de Janeiro abro bem os olhos e da minha janela avisto a favela morro acima, a menos de 300 metros de onde estou. Oculta por uma mata linda, a comunidade onde mora minha empregada vive dias de muita tensão. Ouço os relatos, me entupo de indignação. Mas não subo o morro pra ver de perto o abismo que nos separa.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Vertigem

Não repare. Desde a mais tenra juventude penso nos diversos significados da morte. Lembro que aos 15 anos, durante uma aula de artes plásticas na Aliança Francesa, tive a primeira Vertigem relacionada ao tema. O tema da aula era o grande Diderot e a professora projetava fotos de algumas obras do artista. Assim como quem não pede licença, a sensação começou a tomar conta de toda a minha pessoa, body and mind. Creio que o desespero estampado na obra do pintor francês detonou tudo o que veio a seguir: uma tentativa vã de imaginar o nada, o vazio absoluto, a não volta, tudo sem eterno retorno. Eu ainda nem tinha começado a pensar em Niezstche. O ar foi acabando, a sensação de poço sem fundo só fazia aumentar. E plaft, escuro e breu absolutos. O desespero dos atores de mestre Diderot já estava dentro de mim.
Lembro da professora tocando com delicadeza o meu ombro: ça va, Tania? E a resposta demorou a sair. Oui.... No rosto o suor gelado.
Desde então faço experiências com a sensação. Só que pra sobreviver à vertigem comecei a ler tudo sobre Morte: escritores, filósofos, religiosos...
A vertigem diminuiu, mas o embasbacamento com a razão de ser de tudo isso que nos cerca está sempre presente. Decididamente, nossa cultura ocidental não nos prepara para a morte. Somos incentivados a acreditar que ficaremos por aqui for ever. Here, there and everywhere.
Se você curte o tema - mesmo que não sinta a Vertigem- dê uma espiada e, quem sabe, uma boa lida no livro mais novo do Irvin Yalom, DE FRENTE PARA O SOL. É uma delícia e um conforto saber que a Vertigem mexe com muita gente, de ateus a budistas. Junto com o LIVRO TIBETANO DO VIVER E DO MORRER, DE FRENTE PARA O SOL transformou-se num grande companheiro de viagem.
Durmamos em paz.

Ainda o envelhecimento. E dá-lhe morte.

Ia deletar a primeira postagem porque não queria ser tão leviana com a envelhescência. Mas reli a frase e considerei que nas duas linhas que escrevi existe um fio tênue, porém contínuo, que dá sentido ao que penso sobre a difícil arte do envelhecer.
Na verdade, penso que vivemos uma época em que não está nada fácil ficar velho. Que os homens sempre trocaram suas gostosas de 50 ou 40 por uma ou duas de 20 ou 30..... ça va sans dire. Mas hoje em dia, o tal processo de envelhecimento está complicado. A velhice saudável tem um número imenso de regras e mandamentos mas, para as mulheres, cumprir todas as etapas exigidas pelo politicamente correto não significa necessariamente conseguir o efeito desejado. E, as always, quem acaba indo parar na terapia, comprando livros de auto-ajuda, recorrendo ao budismo ou à yoga.......... somos nós mesmas, las mujeres. Se você tem 50 anos ou mais, como eu, experimente sair com um outro coroa 10 anos - eu escrevi dez anos, o exemplo é light - mais jovem que você. Se morar no Rio de Janeiro leve o jovem senhor para o calçadão. Coloque seus óculos escuros em posição estratégica e repare nos olhares incessantes e/ou nos comentários em voz baixa. É uma loucura! Você sai da pista com vontade de renascer homem ou então de voltar a este planeta com intenções menos sexuais. Born to be wild!

envelhecer como adolescente

Mulheres envelhecem como adolescentes ou os homens nos constrangem como velhos babões?