sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009



A organização JEWISH VOICE FOR PEACE está fazendo circular, pela internet, uma carta aberta ao presidente Obama. A carta pede o fim do bloqueio econômico e financeiro à Faixa de Gaza. Entrei em contato com a organização quando fui saber mais sobre os jovens israelenses que se recusam a prestar o serviço militar. Eles discordam das táticas de ocupação adotadas pelo governo de Israel. Hoje, recebi uma newsletter com essa carta aberta e também com algumas notícias sobre Gaza pós massacre. O que me chamou a atenção foi a declaração de um morador de Gaza:

" Enquanto aguardava sua vez na fila da única padaria aberta na região, o morador de Gaza Mohamed Salman comentou com alguém: vou comprar alguma coisa que minha família possa conservar no máximo por dois dias. É que estamos sem eletricidade e sem geladeira. Não dá para guardar nenhum alimento por mais tempo que isso".
Mohamed fez esse comentário em JANEIRO DE 2008!!!! Hoje, muitas padarias de Gaza estão fechadas porque também não têm luz. Algumas não conseguem comprar nem a farinha para fazer o pão.
O bloqueio de Israel inviabilizou o mínimo de dignidade no dia-a-dia dos moradores de Gaza. A população não tem acesso ao básico fundamental: pão, água limpa, medicamentos e eletricidade.

Lembra da frase YES, WE CAN? POis então. Vamos lembrar ao Obama que SIM,NÓS PODEMOS não vale apenas como marketing eleitoral. Entre no site e assine a carta.É o que podemos fazer neste momento:
http://salsa.democracyinaction.org/o/301/petition.jsp?petition_KEY=1814

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Médicos Sem Fronteiras e as maiores crises humanitárias de 2008

A organização humanitária que mais admiro e respeito é MÉDICOS SEM FRONTEIRAS (MSF). A presença e a atuação do MSF são fundamentais para vários países do mundo, principalmente os que atravessam crises decorrentes de guerras, doenças e desnutrição.

No Brasil desde 1991, o MSF, hoje, tem uma base importantíssima no Complexo do Alemão, aqui no Rio de Janeiro. São esses profissionais da saúde que, em plena guerra do tráfico, ainda conseguem atender e transportar os doentes e as vítimas desse conflito sangrento que mancha a dignidade de todo cidadão carioca.

Em dezembro, o MSF produziu e divulgou mais uma lista com as 10 Maiores Crises Humanitárias de 2008. Relacionada com as tarefas médicas de emergência da organização, a lista procura gerar mais conhecimento sobre a magnitude das crises que podem ou não aparecer nos jornais. E que muitas vezes não aparecem.

Somália, Mianmar, Sudão, República Democrática do Congo, Região Somali da Etiópia, Zimbábue, Iraque e Paquistão, Desnutrição Infantil e Co-infeção HIV/TB (tuberculose) foram as mais graves crises humanitárias do ano passado.

De acordo com a organização, os governos estão ignorando a crise da desnutrição infantil. Veja o que diz o relato do MSF:
" Este ano o governo do Níger forçou o cancelamento do programa de nutrição infantil de MSF na sofrida região de Maradi, onde dezenas de milhares de crianças sofrem de desnutrição aguda. Como resultado, elas não receberam o tratamento adequado e efetivo. Este caso acontece em uma época em que os esforços para progredir na luta contra a desnutrição no mundo são mais possíveis – e necessários – do que nunca. A realidade no campo é que MSF e a comunidade humanitária são incapazes de fazer nem sequer o suficiente para as populações que precisam de ajuda médica vital", afirma o Presidente do Conselho Internacional de MSF, Dr. Christophe Fournier. "Com a divulgação desta lista, esperamos chamar a atenção para essas pessoas que tanto precisam, depois de ficarem cercadas entre conflitos e guerras, afetadas pelas crises de saúde, e que têm suas necessidades de saúde essenciais e imediatas negligenciadas, essas pessoas que não têm voz".

Você também pode contribuir com o MSF . A entidade sobrevive graças a doações de gente como nós, que acredita na solidariedade e no respeito aos direitos de todos os seres humanos, principalmente os mais vulneráveis à crueldade e à injustiça do sistema de distribuição de renda que vigora em boa parte deste planeta.
Vá ao site http://www.msf.org.br/ e conheça mais sobre sobre MÉDICOS SEM FRONTEIRAS. Vale a pena.
(A foto deste post mostra uma mãe e uma criança somalis. O fotógrafo é Petterik Wiggers)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

FOI APENAS UM SONHO

O filme de Sam Mendes tem a ver com vazio, falta de esperança, repressão, vontade de explodir e de amar. A ação se passa na década de 50. Mas poderia ser em 2009, com mulheres norteamericanas liberadas e independentes financeiramente. O vazio é atemporal.
O diretor inglês/português escolheu um romance do subestimado Richard Yates. Morto em 1992, o escritor partiu para a eternidade sem ter conseguido comprar de volta os direitos cinematográficos de REVOLUTIONARY ROAD. No Brasil o livro foi lançado pela Alfaguara com o mesmo título do filme, FOI APENAS UM SONHO.

Gostei da performance de Leonardo, o Di Caprio, que a cada filme lapida o seu estilo, apesar do rostinho de menino. Já com Kate Winslet acontece algo muito interessante: a partir de um certo momento, no filme, a máscara que representa um mix de cinismo e desespero vira pele e nos envolve até.........o desenlace. Sentimos raiva e pena de sua April.

Ainda que muitas vezes caricato (por conta do roteiro, não da atuação), o personagem do ator Michael Shannon destila e atira, no casal em crise, suas idéias sobre coragem, covardia e ressentimento. Mas é a interpretação do ator que surpreende: seco, cruel, sem meias palavras, o recém-liberado paciente do hospital psiquiátrico (uma barra pesadíssima na década de 50) destrói as últimas ilusões de April.

Algo em BELEZA AMERICANA, do mesmo diretor, sempre me incomodou. Talvez exatamente a crítica, um tanto histérica, do já famoso moralismo americano. Em FOI APENAS UM SONHO essa crítica amadureceu, na minha opinião. Ficou mais seca, menos melosa. O sonho acabou e saí com uma imensa batata dentro da garganta.