Simplesmente ocorreu. Aconteceu. Concretizou-se.
O estranho e único momento em que somos fisgados por um lance de dados. A coincidência extrema. Talvez o destino que bata na porta ou uma conspiração de anjos a seu favor. O telefonema.
Os dias passavam mornos por fora, conturbados e revoltos no interior.
Calma aparente, amargura roendo um pedaço de alma.
As questões pessoais eram as mais comuns: valorização, autoestima, envelhecer com dignidade. A eterna espera por uma ligação que aprove ou não o projeto que vai mudar a sua vida para melhor.
Crise ou azar, a verdade é que os planos são derrubados um a um. E você se esforça para não sucumbir. Quase acredita na força do pensamento positivo. A energia existe, o teatro em torno dela é que incomoda.
E então você está atenta, apesar de um tanto quanto conformada quando compra 5 livros para não perder o hábito. E o telefone toca.
Não é quem você espera. Não é o que você espera. É uma voz conhecida, embora nada íntima. Um tom de convocação para um próximo passo inesperado. Você topa. E em 24 horas sua rotina vira de ponta cabeça.
Back in business. Você não desistiu.
Foi assim mesmo. Por conta de um único telefonema, às 10 da noite, quando você tinha certeza que nada interromperia a leitura do livro que acabou de comprar.
O acaso e os anjos são geniais.