Obama justificou o ataque israelense como defesa contra os foguetes lançados pelo Hamas. Mas não lembrou de dizer que Israel nunca desocupou Gaza. Retirou suas tropas de dentro de Gaza, mas continua controlando as fronteiras.
Não sou especialista em Oriente Médio, mas foi muito instrutivo ler, no Globo de ontem, uma entrevista com o cientista político Paulo Sérgio Pinheiro. Ele faz parte da Comissão de Direitos Humanos da OEA( Organização dos Estados Americanos) e foi relator especial da ONU sobre a violência contra a infância no mundo.
Paulo Sérgio explica que a população de Gaza está confinada e que depois da Segunda Guerra Mundial, a campanha de Israel em Gaza é um dos maiores escândalos humanitários. " É um desastre humanitário uma democracia atacando uma população indefesa", diz. "Evidentemente o Hamas não tem nenhum direito de ficar atirando esses foguetes sobre a população civil".
Pessimista em relação a uma possível solução para o conflito, o cientista político afirma que nenhuma potência média, como a França ou Reino Unido, pode exercer algum tipo de influência nesse sentido. " A única pessoa na Terra que tem alguma condição de fazer cessar esse horror é o presidente Obama", conclui.
Se Paulo Sérgio Pinheiro estiver certo, o enviado especial de Obama ao Oriente Médio George Mitchell terá um papel fundamental nos próximos meses. Só nos resta torcer. Mas devemos ficar de olho: um número impressionante de crianças palestinas mortas, em menos de um mês, não pode passar para a História apenas como efeito colateral de uma guerra que não termina nunca. Se assim for pode ter certeza: milhares de crianças como essa, da foto, serão os novos homens e mulheres-bomba de amanhã.