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quarta-feira, 13 de maio de 2009

A rotina e a criatividade

Não tem sido fácil sentar para escrever. O dia começa às quatro e meia da manhã e termina às nove da noite.
Correria no trabalho, no tempo enorme gasto na viagem de ônibus que me leva de volta ao Leme e uma vontade enorme de relaxar e ler quando finalmente estico o corpinho malhado - não cancelei as idas à academia, muito pelo contrário - na caminha.
E assim voa a semana, de segunda a sexta.
Tinha prometido mais assiduidade para mim mesma. Não tenho conseguido. Mas zapeio virtualmente os blogs de amigos e conhecidos. E agora, no meio do trabalho, aproveito para digitar estas mal traçadas....

Ando triste com a notícia de que uma grande amiga está doente de novo. Um tumor danado de teimoso que reapareceu e precisa ser combatido.
Fico contente porque outro grande amigo resiste bravamente e luta contra o câncer.
Também fico pasma com a insistência da imprensa em relação ao câncer do nosso vice-presidente. Ele diz que está bem, os repórteres afirmam que não. E eu pergunto: é absolutamente necessário questionar publicamente - e seguidamente - o vice-presidente da República sobre sua doença pública e notória? Todos não sabemos que José Alencar é um sobrevivente e luta para viver seus dias com dignidade?

Não sei se o número de casos de câncer aumentou nos últimos anos ou se a medicina evoluiu tanto que agora os tumores são mais facilmente detectáveis. O fato é que a doença, insidiosa, cresce silenciosamente entre as várias camadas da população. As estatísticas mostram que morrer do coração ainda é mais comum. Mas o câncer, sem dúvida nenhuma, tem provocado estragos sem fim. Amigos, homens e mulheres públicos lutam para viver.

Que todos sobrevivam a doença, ao medo e a dor. E continuem conosco por muito tempo ainda.
Meu carinho e afeto especial para minha grande amiga. Que ela sinta o meu abraço apertado e o meu beijo estalado.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Dilma e o tempo ....

A notícia caiu como uma bomba. E os jornalistas das grandes publicações devem estar discutindo até agora. É que ninguém deu a notícia da cirurgia de nossa ministra três semanas atrás.
Ela mesma veio a público e, junto com a equipe médica, mandou ver.
Será que a doença e a quimioterapia vão abalar a campanha de Dilma?

Enquanto governo e oposição fazem suposições não seria interessante pensarmos no que pode acontecer de bom a essa mulher de 61 anos que trabalha 24 horas por dia e é conhecida pelo seu jeito " masculino" de ser?

Eu sinceramente desejo que dona Dilma aproveite o tempo da quimioterapia e o tempo de repouso para refletir sobre..... o tempo.
O tempo que ela terá para se olhar no espelho e encontrar, dentro dela, o lado feminino que quer e precisa aparecer. Cirurgia plástica é uma coisa. Mudança estrutural outra bem diferente.

Torço para que a ministra mais poderosa do governo Lula reserve um tempo significativo para refletir sobre o poder, a corrupção, a compaixão, o escrúpulo, a inveja e a desonestidade.
E que no final de todo o processo, quando estiver curada, olhe no rosto de todos os brasileiros e assuma: " Gente, sarei e mudei pra melhor. De agora em diante vou agir com todos vocês como fiz no anúncio da minha doença: transparência total" .

Sorte, Dilma, e muita força!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

SÃO JORGE EM CLIMA DE GUERRA

O Rio de Janeiro e o Brasil católico são devotos de São Jorge. Mas no Rio de Janeiro essa devoção virou até feriado. Nada contra. Mas vai ser muito bom se o dia 23 de abril, pertinho de outro feriado, voltar a ser um dia normal por aqui. A fé prescinde do feriado.
Ou não?

A cidade maravilhosa, assustada e anestesiada pela violência, reage pouco ao abuso e à agressividade de alguns cidadãos. Ontem, no meio da multidão, um homem jovem ameaçava, com um fuzil, os milhares de devotos de São Jorge que tentavam homenagem ao santo guerreiro, no bairro de Curicica. Em cima de uma viatura policial, mas em trajes civis, ele reinava absoluto sobre a platéia indiferente.
Indiferente?
É isso mesmo. Na foto que vi e que ainda não encontrei na internet, as pessoas aparentemente ignoram o homem armado. O fuzil, a milícia e o abuso já foram incorporados à paisagem urbana da nossa cidade.

Para onde estamos indo?

sábado, 11 de abril de 2009

Crueldade na padaria

O rosto deveria ser inexplorável, quase inexpressivo. Mas no olhar fixo e sem piscadas o ódio era intenso. Aquele era um homem jovem, alto e magro. Um ser humano que poderia simplesmente fazer parte daquele cenário. Mas.......

Praticamente empurrou o rapaz para fora do estabelecimento. O ato de expulsar não foi explicitamente violento. A pressão dos dedos da mão sobre as carnes do indesejado não deixou dúvidas. Aquele homem jovem, alto e magro era um ser humano diferente. Poderia fazer parte de qualquer esquadrão - da morte, da milícia, do tráfico ou do colarinho branco.

Na rua, encostado numa parede, o dono do olhar cruel tentava se confundir com a paisagem. Aparentemente tranquilo. O corpo, no entanto, transpirava maldade. O objeto indesejado, agora do lado de fora do estabelecimento, ainda continuava por ali à espera de gestos de compaixão e boa vontade.

Fui em direção ao pedinte. Sabia que ele aguardava apenas o que chamaria, mais tarde, de caridade. Depositei algumas moedas na palma da mão encardida.
Antes de seguir o meu caminho, não sei por que fui até o homem, suposto segurança do local. O olhar era o mesmo. A voz saiu baixa quando falei que senti pena do sem-teto e resolvi dar-lhe algum dinheiro. Nem assim ele me encarou. Baixou a vista e ajeitou a cabeça, para em seguida focalizar novamente o objeto rejeitado. Senti a frieza do ódio depois de alguns passos. Virei para trás e rapidamente nossos olhos se cruzaram.

O baixo astral provoca arrepios. A maldade, calafrios. Incrível mesmo é que tudo isso aconteça numa manhã linda, de céu azul e gorjeios variados. E dentro de uma padaria.

Para onde estamos indo?

domingo, 8 de março de 2009

Trabalho temos de sobra!

São muitas as fotos. Belíssimas, tocantes, emocionantes, revoltantes.
Os jornais deste domingo trazem um cardápio variado de mulheres ao redor do mundo.
Na comemoração do dia Internacional da Mulher, os fotógrafos do planeta capricharam. De Kandahar a Madri, do Rio a Manila, estão lá as imagens dos movimentos populares que ocupam as ruas das grandes cidades no dia de hoje.
Entre as fotos escolhi a que, na minha opinião, resume com perspicácia a arte e o fardo de ser mulher. E cá entre nós, a frase do cartaz é boa demais, né não? Queremos emprego porque trabalho já temos de sobra. Isso é verdade aqui no Brasil ou lá em Estocolomo, confere?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Ueba! Os blocos invadiram o Rio de Janeiro

É refrescante. É saudável. Sinal de que a cidade resiste à violência dos que querem tomar posse de sua identidade. Uma cidade que gosta de abrir as portas e curtir o quintal, o asfalto, a areia.

Os blocos estão em todos os bairros. Enormes ou diminutos, ao gosto do freguês. Um sobrinho me conta que ontem esteve na Urca. O bloco saudava Roberto Carlos com refrões e versos de apenas três músicas. Os foliões foram até o prédio do Rei, insistiram, capricharam na afinação e lá veio RC acenar para uma novíssima geração jovem guarda.

O Rio não estava preparado para os mais de 400 blocos (160 registrados oficialmente) que invadiram todas as regiões da cidade. O trânsito não suportou. Até para quem se refugia nos cinemas, como eu, não foi fácil circular. Principalmente depois das 6 da tarde, quando os táxis passavam lotados ou exorbitavam nos preços: 50 reais daLapa ao Leme, por exemplo, e assim foi. Era pagar ou largar.
No sábado, dia do bloco do Barbas, em Botafogo, procurei pela polícia, mas não encontrei. Depois, caminhando na orla de Copacabana, prossegui com a busca. Nada de PMs e apenas dois guardas municipais. É bem verdade que os companheiros, muitas vezes, conseguem mais atrapalhar do que ajudar. Mas não é possível e nem imaginável subestimar a capacidade de ação do crime organizado e da galera nem tão organizada assim.
O que acho admirável é ver tanta gente na praia, nas ruas e nos bailes. A alegria venceu o medo. E isso apesar dos lamentáveis assaltos a turistas em albergues e excursões pela cidade. Muitos foram embora, chocados com a violência escancarada. Atualmente, assaltante que se preze já chega munido de fuzil e granada. Imagine um canadense diante de um cenário desse?
Mas.............. o Rio de Janeiro resiste, e sem saudosismo. Como escreveu Ruy Castro na Folha de São Paulo, " o Rio custou, mas redespertou para o Carnaval. E para um Carnaval que também parecia defunto: o dos bailes à fantasia, com orquestras de metais, em clubes e gafieiras; dos shows de ruas (trazendo de volta baluartes como Roberto Silva, JOão Roberto Kelly, Ademilde Fonsexa) e até o de deliciosos ranchos, estilo 1910, como o Flor do Sereno, em Copacabana. Não é uma " nostalgia" ".
É.... não tem saudosismo e nem nostalgia. Tem uma injeção de juventude, ar puríssimo que faz circular uma energia que contagia até os mais céticos.
Viva o alto astral!

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A impunidade não para de renascer


Então é assim que ficamos, não é mesmo? O teto de amianto desaba e nove mulheres morrem. Casas vizinhas foram destruídas e interditadas depois do desabamento e moradores da região afirmam que o teto está com problemas há muito tempo.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, o Ministério Público do Estado de São Paulo irá apurar se houve negligência na liberação do edifício da igreja Renascer no bairro do Cambuci, em São Paulo. Essa mesma construção já tinha sido INTERDITADA em 1998 porque o teto e o forro já apresentavam problemas e ofereciam riscos aos frequentadores.
Tive que ler duas vezes: 1998, 1998. Portanto, quase 11 anos atrás.
Há dois anos, o lobby de vereadores ligados às igrejas evangélicas, na Câmara Municipal, conseguiu impedir uma investigação das instalações de locais onde são realizados eventos com grande concentração de pessoas na cidade. Os templos ficaram fora da apuração da CPI do Licenciamento.

Agora, em nome de Jesus, quem vai pagar essa conta? O casal fundador da igreja Renascer, preso nos Estados Unidos - mas transmitindo mensagens via satélite - por estelionato, lavagem de dinheiro e outras cositas más? Ou a turma que enriquece diuturnamente aqui mesmo, em terras tupiniquins?
E alguém já leu algum comunicado oficial do jogador Kaká? Ligou depois do desabamento para saber dos parentes e sua assessoria anunciou que ele faria um pronunciamento oficial sobre o acidente. Ainda não li nada e estou curiosa. Afinal, ele é o grande garoto- propaganda da igreja no Brasil e no mundo.
Até quando os responsáveis pela tragédia - totalmente anunciada, diga-se de passagem, desde 1998 - continuarão a falar em nome de Jesus sem ao menos lavar a boca com sabão antes de iniciar a verborréia?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A empáfia de alguns guardas municipais



O rapaz, morador de rua, dorme no calçadão da Praça do Lido, em pleno verão carioca. Três guardas municipais acordam o rapaz, dois o seguram e o outro lhe pespega tapas na cara e pontapés no corpo. Declaram a prisão do infeliz.
Mas...........antes que tudo seja concluído como sempre é - nós, pedestres, olhamos com indignação mas não podemos estapear esses mesmos guardas - um outro rapaz, provavelmente um advogado vestindo inacreditáveis terno e gravata às 3 horas da tarde, começa a discutir com o chefe dos guardas. Morador do Lido, diz que o sem teto não pode ser tratado a bofetões e nem ser preso da forma que foi. Que a agressão é gratuita, irregular e sem sentido. O guarda discorda, eles falam alto e uma pequena multidão assiste ao suposto confronto. Ali, na calçada da avenida Atlântica, a indignação é geral. Muita gente tinha presenciado a agressão dos guardas. O mendigo coloca a cabeça pra fora do carro e tenta explicar, mais uma vez, que foi agredido assim, de repente, sem mais nem menos. Covardes, alguém grita. O clima é tenso e os policiais, cacetete na mão, olham para nós com cara feia.
O jovem de terno e gravata quer saber para onde o mendigo será levado. Um outro guarda, recém desembarcado de uma outra kombi lotada de guardas municipais, responde que isso não interessa a ninguém. O suposto advogado se irrita e fala mais alto ainda que todos têm o direito de saber para onde o preso será levado. Mais tensão, mais discussão, dedos em riste. E o guarda municipal declara a prisão do moço de terno e gravata. Ele é empurrado para dentro de uma outra kombi, enquanto a platéia vaia e atira frases exigindo explicações. Todo mundo conversa com todo mundo, mas o guarda-chefe cisma com o papo de um outro engravatado, que diz algo como "esses caras são recalcados porque não passaram no teste pra PM". Humor on the road.

Pasma com a empáfia desses servidores municipais me pergunto até quando a pobreza de espírito reinará entre os fracos e oprimidos. Será que alguém pode organizar um curso de " Humanidades" pra que essa turma aprenda como tratar as pessoas? Ou nem isso vai adiantar, já que bons modos não está escrito no glossário utilizado por eles?
Antes de escrever fui tentar saber se a Guarda Municipal tem poder de polícia. Li e reli, mas confesso que não entendi. Parece que podem prender alguém em flagrante, como qualquer cidadão também pode. Para onde levaram o rapaz de terno e gravata? Torço para que ele seja um advogado, um promotor de justiça. E que enquadre a arrogância e a violência dos guardas municipais. Mas se ele for simplesmente um cidadão indignado, já conta com a minha admiração porque resolveu mudar o seu trajeto de todos os dias para protestar contra o abuso do poder. E acabou sendo preso.
É como observou um outro rapaz: " esse morador de rua até pode ser um assaltante, mas ninguém tem o direito de abordá-lo a tapas e pontapés enquanto ele está dormindo" . A guarda municipal não reagiu, não preveniu. A guarda municipal agrediu o cidadão mais vulnerável da cruel escala social em que vivemos. Já imaginou esse pessoal armado?