O Rio de Janeiro e o Brasil católico são devotos de São Jorge. Mas no Rio de Janeiro essa devoção virou até feriado. Nada contra. Mas vai ser muito bom se o dia 23 de abril, pertinho de outro feriado, voltar a ser um dia normal por aqui. A fé prescinde do feriado.
Ou não?
A cidade maravilhosa, assustada e anestesiada pela violência, reage pouco ao abuso e à agressividade de alguns cidadãos. Ontem, no meio da multidão, um homem jovem ameaçava, com um fuzil, os milhares de devotos de São Jorge que tentavam homenagem ao santo guerreiro, no bairro de Curicica. Em cima de uma viatura policial, mas em trajes civis, ele reinava absoluto sobre a platéia indiferente.
Indiferente?
É isso mesmo. Na foto que vi e que ainda não encontrei na internet, as pessoas aparentemente ignoram o homem armado. O fuzil, a milícia e o abuso já foram incorporados à paisagem urbana da nossa cidade.
Para onde estamos indo?
Tania, semana passada na região metropolitana de Salvador houve uma pequena colisão entre dois carros em um posto de gasolina. Aquelas batidinhas bestas, de amassar o pára-choque, apenas. Mas isso gerou discussão e morte: o motorista do carro que sofreu a batida sacou a arma e deu nove tiros no outro motorista que era engenheiro da Ford.
ResponderExcluirChocante, mas o pior não foi isso: o pior foi que logo após a fuga do assassino, as pessoas que estava ao redor do corpo do engenheiro começaram a tirar fotos e até filmar com celulares o corpo ensanguentado da vítima. Muitos tiravam fotos e filmavam sabe para que? Para VENDER a um programa de TV sensacionalista que existe na TV baiana que explora este tipo de coisa.
Essa história do jovem ameaçando com fuzil os devotos de S.Jorge (valei-nos!)e esta que acabei de contar poderiam render teses e teses sobre o que vem acontecendo no país e com as pessoas. Indiferença, morbidez, o gosto e o prazer pela violência...
Realmente, onde vamos parar...
abs
Parece que a evolução se fez ao contrario, ou que não se fez na esfera da afetividade, já que a humanidade permanece truculenta.
ResponderExcluirOu será que alguns de nós evoluimos e percebemos o horror disso tudo enquanto outros ainda estão no estágio da barbárie?
Num mesmo planeta, convivem grupos que estão em épocas diferentes; uns estão no neolítico, outros na Idade Média, alguns poucos em futuroland, e assim seguimos.
ResponderExcluirTodos esses tempos convivem também sincronicamente dentro de nossas alminhas; ora se manifesta um período, ora outro...
Somos muito mixuruquinhas e birutinhas mesmo...
Tem uma face do VIVER que é o desafio do suportar, mesmo...Uma espécie de "resignação assertiva".
O heroi trágico experimenta o TERRÍVEL, aprende com ele, e SEGUE.
Com alguma sorte, acrescenta no resultado de cada aprendizagem uma pitada de cômico, e não deixa de rir do teor patético que existe em volta dele e nele mesmo; um desafio e uma aprendizagem a mais; é o upgrade plausível...
BJS!
Querida Tania, volto depois de tempão ausente, olhando pros umbigos blogísticos potygyares (cheio de brigas, ah esses grandes egos nordestinos!)e pro meu próprio, enrolado com minhas punhetas mentais e não tanto. Rolar o cursor aqui me traz de volta ao mundo. E o caminho do seu olhar docemente melancólico sobre nosso mar de lágrimas é, pra mim, apesar de tudo, uma pausa para respirar... bjs saudosos
ResponderExcluirPS tou curiosíssimo sobre seu novo munka (trabalho)... boa sorte.