Pesquisa realizada pelas Fundações Perseu Abramo e Rosa Luxemburgo escancarou o que a turma da geral já sabe: apenas 1% da população brasileira com mais de 16 anos NÃO têm preconceito contra homossexuais. Quase 30% assumem que não gostam de gays, lésbicas, travestis ou transexuais. E tem mais: a cada 3 dias do ano passado cometeu-se pelo menos um crime de ódio por orientação sexual no país.
Para quem não acredita e entrega o preconceito às mãos do Divino todo misericordioso, aqui vai: 66% dos 2.014 brasileiros ouvidos em 150 cidades acreditam piamente que a homossexualidade é um pecado contra as leis de Deus. Outros optaram pela homossexualidade como doença. Mas, atenção, uma doença que precisa ser tratada.
O governo federal encomendou a pesquisa e, ainda bem que sensibilizado, vai lançar, em maio, o Plano Nacional de Promoção da Cidadania LGBT. Cogita-se também o planejamento de novas políticas diante do espectro sombrio da...................INTOLERÂNCIA!!!! E engula essa: 70% dos entrevistados consideram que o governo não deve se envolver na situação!
Ora pois, como assim? Faz muito bem o nosso governo em se envolver e em combater a falta de educação e de respeito pelas opções do OUTRO. A outra pessoa que você vê todos os dias na rua. Aquele ser humano que caminha ao seu lado mas, certamente, não pensa e não age como você ou como eu.
É isso mesmo, tupiniquins, somos intolerantes e preconceituosos. Ou alguém acreditava que aqui nos trópicos tudo seguia em harmonia no que diz respeito à opção sexual de cada brasileiro? Necas de pitibiribas. A INTOLERÂNCIA é a dama de companhia deste século 21. Olhe para qualquer pontinho do mapa mundi e encontrará um exemplo cabeludo.
Dito isso, recomendo um filme que está em cartaz e que tem tudo a ver com a INTOLERÂNCIA. É "DÚVIDA" (Doubt), com Meryl Strep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams e Viola Davis. Grandes interpretações para mostrar o perigo da intolerância diante da dúvida. Aquele momento em que você acredita ter certeza de que a sua opinião é a correta, apesar de evidências em contrário. O instante em que você decreta o fim da dignidade do outro com o seu poder de acusar, mesmo na dúvida. O filme é americano. Se fosse europeu, tenho certeza que seria muito mais indigesto. Mas é bem feito, bem dirigido e lindamente executado por atores brilhantes em seus respectivos papéis. Dá até pra perdoar o excesso de melodrama em algumas cenas.
O importante é entender que a intolerância e o arrependimento tardio podem corroer o coração até o final de todos os nossos dias. A certa altura do filme, um personagem central afirma algo como: " a virtude - o amor e compaixão - é a grande arma contra a maldade da alma humana".
Em que momento da infância a intolerância começa a ser inoculada em nossas crianças?