sábado, 11 de abril de 2009

Crueldade na padaria

O rosto deveria ser inexplorável, quase inexpressivo. Mas no olhar fixo e sem piscadas o ódio era intenso. Aquele era um homem jovem, alto e magro. Um ser humano que poderia simplesmente fazer parte daquele cenário. Mas.......

Praticamente empurrou o rapaz para fora do estabelecimento. O ato de expulsar não foi explicitamente violento. A pressão dos dedos da mão sobre as carnes do indesejado não deixou dúvidas. Aquele homem jovem, alto e magro era um ser humano diferente. Poderia fazer parte de qualquer esquadrão - da morte, da milícia, do tráfico ou do colarinho branco.

Na rua, encostado numa parede, o dono do olhar cruel tentava se confundir com a paisagem. Aparentemente tranquilo. O corpo, no entanto, transpirava maldade. O objeto indesejado, agora do lado de fora do estabelecimento, ainda continuava por ali à espera de gestos de compaixão e boa vontade.

Fui em direção ao pedinte. Sabia que ele aguardava apenas o que chamaria, mais tarde, de caridade. Depositei algumas moedas na palma da mão encardida.
Antes de seguir o meu caminho, não sei por que fui até o homem, suposto segurança do local. O olhar era o mesmo. A voz saiu baixa quando falei que senti pena do sem-teto e resolvi dar-lhe algum dinheiro. Nem assim ele me encarou. Baixou a vista e ajeitou a cabeça, para em seguida focalizar novamente o objeto rejeitado. Senti a frieza do ódio depois de alguns passos. Virei para trás e rapidamente nossos olhos se cruzaram.

O baixo astral provoca arrepios. A maldade, calafrios. Incrível mesmo é que tudo isso aconteça numa manhã linda, de céu azul e gorjeios variados. E dentro de uma padaria.

Para onde estamos indo?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

UMA AUSÊNCIA QUE ME INCOMODA

Minha proposta era tentar manter uma assuidade razoável neste blog. Afinal, a gente escreve para compartilhar o que vivemos e sentimos.
De um mês pra cá minha vida profissional deu uma guinada. Comecei a trabalhar longe de casa - bem longe. Entre a hora que acordo (4h30) e minha volta para casa (20h00) sobra pouco tempo para relaxar e dormir.
O novo ritmo é alucinante, apesar do desafio. É novidade. E coisas novas são sempre boas.
Mas são tantas coisa pra resolver que acabei deixando de lado o meu blog querido. Como disse a Cristina Montenegro, este espaço está " bem abandonadinho"...... Está mesmo.
Fico cheio de inveja quando leio - rapidamente - os blogs que tento visitar e acompanhar. Tá todo mundo escrevendo. Meu amigo Ricardo Soares sempre de vento em popa. O blog do Bourdoukan bombando, com o perdão da metáfora.... E ainda tem novos amigos que foram aparecendo desde dezembro, quando decidi começar a escrever ..... Groo, Urtigão, Balaio Porreta e muitos outros...

Pois então: parei tudo aqui no trabalho para mandar um beijo e um abraço. E pedir a vocês que não fujam e nem sumam. E que tenham paciência. Este é só um intervalo em que reorganizo minha vida e reequilibro energias e sensações.

um beijo para todos.