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domingo, 22 de março de 2009

A AMÉRICA DE CLINT EASTWOOD

Entrei no cinema para ver GRAN TORINO esperando um solo de Clint, ator politicamente envolvido com o partido republicano desde os anos 50 e considerado conservador nos moldes do chamado "progressismo" norteamericano.

O filme é mesmo um solo do eterno Dirty Harry, agora mais maduro e ainda mais amargo. Mas que solo.... e que roteiro subreptício, no bom sentido. Um retrato dolorido do "puzzle" no qual se transformou a sociedade americana. Um quebra-cabeça de culturas e costumes que transformaram as ruas das grandes e médias cidades dos Estados Unidos em guetos controlados por gangues das mais variadas procedências.

Um coroa americano racista, enlutado, amargo e grosseiro. A intolerância ambulante. E um subúrbio típico, dominado pelas tais gangues de latinos, asiáticos e negros. Nas ruas, ser bonzinho ou tentar encontrar um rumo na vida pode ser o passaporte para o inferno.

O filme é um manifesto contundente contra a intolerância e uma crítica bem humorada à ditadura do politicamente correto que invadiu o país de Obama. Num país que abriga imigrantes de todas as partes do planeta, os amigos contam piadas de judeus, italianos, polacos, irlandeses e negros. E depois tomam uma gelada sem culpa.

O final é melodrama puro. Mas a performance de Clint vale cada fotograma. Não faz mal que ele tenha feito campanha para Nixon e votado duas vezes em Schwarzenegger. Desde BIRD - um belíssimo filme (1988) sobre o grande Charlie Parker - acompanho com admiração todas as suas empreitadas.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

FOI APENAS UM SONHO

O filme de Sam Mendes tem a ver com vazio, falta de esperança, repressão, vontade de explodir e de amar. A ação se passa na década de 50. Mas poderia ser em 2009, com mulheres norteamericanas liberadas e independentes financeiramente. O vazio é atemporal.
O diretor inglês/português escolheu um romance do subestimado Richard Yates. Morto em 1992, o escritor partiu para a eternidade sem ter conseguido comprar de volta os direitos cinematográficos de REVOLUTIONARY ROAD. No Brasil o livro foi lançado pela Alfaguara com o mesmo título do filme, FOI APENAS UM SONHO.

Gostei da performance de Leonardo, o Di Caprio, que a cada filme lapida o seu estilo, apesar do rostinho de menino. Já com Kate Winslet acontece algo muito interessante: a partir de um certo momento, no filme, a máscara que representa um mix de cinismo e desespero vira pele e nos envolve até.........o desenlace. Sentimos raiva e pena de sua April.

Ainda que muitas vezes caricato (por conta do roteiro, não da atuação), o personagem do ator Michael Shannon destila e atira, no casal em crise, suas idéias sobre coragem, covardia e ressentimento. Mas é a interpretação do ator que surpreende: seco, cruel, sem meias palavras, o recém-liberado paciente do hospital psiquiátrico (uma barra pesadíssima na década de 50) destrói as últimas ilusões de April.

Algo em BELEZA AMERICANA, do mesmo diretor, sempre me incomodou. Talvez exatamente a crítica, um tanto histérica, do já famoso moralismo americano. Em FOI APENAS UM SONHO essa crítica amadureceu, na minha opinião. Ficou mais seca, menos melosa. O sonho acabou e saí com uma imensa batata dentro da garganta.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Globo de Ouro




Não assisti à transmissão do Globo de Ouro. Mas gostaria de ter visto Mickey Rourke receber o prêmio de melhor ator, homenagear seus cães e agradece-los pela companhia e "amizade". Não vi "The Wrestler" mas o treiler me impressiona. Que mistérios e labirintos separam o Mickey galã de " O Selvagem da Motocicleta" ou " 9 e 1/2 Semanas de Amor" do Rourke de rosto amassado e costurado em filmes como "Sin City" e esse último, que já lhe rendeu um Urso de Prata em Berlim? Quantas carreiras, quantas doses, quantos socos, quantos sonhos? Como alguém destrói um rosto que exalava sensualidade e o transforma num esconderijo de dor e autodestruição?
Não conheço as respostas. Mas consigo imaginar o que a fama e o dinheiro podem fazer com os corações e mentes mais vulneráveis.E cada vez que me deparo com a imagem atual de Mickey Rourke fico tentando descobrir uma expressão, um gesto, um traço........da harmonia anterior ao desastre. Em vão. Não procuro nesses esgares o jovem galã. Busco algo da forma original. Sempre em vão.
Gostei da premiação e da volta por cima - um processo reiniciado já há algum tempo - do ator que fez suspirar toda uma geração de jovens e coroas. Homens e mulheres. Mas, interessante mesmo foi o cara dizer, no microfone, que " às vezes, quando um homem está sozinho, tudo que lhe sobra é seu cachorro". Pra quem já foi conhecido e criticado pela empáfia típica das celebridades, Mickey deu um baita passo a frente ao agradecer, em público, a divina paciência dos cães. Não deve ter sido fácil.

Outra premiação interessante foi a de melhor ator em série dramática para Gabriel Byrne. A série " Em terapia", da HBO, trouxe Byrne em grande forma. Mostrou também grandes performances de atores que vemos por aí, sem prestar muita atenção. E fez vingar no horário nobre da tv paga diálogos primorosos. Parabéns ao original israelense. E que venha rapidamente mais uma temporada.