Não repare. Desde a mais tenra juventude penso nos diversos significados da morte. Lembro que aos 15 anos, durante uma aula de artes plásticas na Aliança Francesa, tive a primeira Vertigem relacionada ao tema. O tema da aula era o grande Diderot e a professora projetava fotos de algumas obras do artista. Assim como quem não pede licença, a sensação começou a tomar conta de toda a minha pessoa, body and mind. Creio que o desespero estampado na obra do pintor francês detonou tudo o que veio a seguir: uma tentativa vã de imaginar o nada, o vazio absoluto, a não volta, tudo sem eterno retorno. Eu ainda nem tinha começado a pensar em Niezstche. O ar foi acabando, a sensação de poço sem fundo só fazia aumentar. E plaft, escuro e breu absolutos. O desespero dos atores de mestre Diderot já estava dentro de mim.
Lembro da professora tocando com delicadeza o meu ombro: ça va, Tania? E a resposta demorou a sair. Oui.... No rosto o suor gelado.
Desde então faço experiências com a sensação. Só que pra sobreviver à vertigem comecei a ler tudo sobre Morte: escritores, filósofos, religiosos...
A vertigem diminuiu, mas o embasbacamento com a razão de ser de tudo isso que nos cerca está sempre presente. Decididamente, nossa cultura ocidental não nos prepara para a morte. Somos incentivados a acreditar que ficaremos por aqui for ever. Here, there and everywhere.
Se você curte o tema - mesmo que não sinta a Vertigem- dê uma espiada e, quem sabe, uma boa lida no livro mais novo do Irvin Yalom, DE FRENTE PARA O SOL. É uma delícia e um conforto saber que a Vertigem mexe com muita gente, de ateus a budistas. Junto com o LIVRO TIBETANO DO VIVER E DO MORRER, DE FRENTE PARA O SOL transformou-se num grande companheiro de viagem.
Durmamos em paz.
"Os que entram no Bardo precisam ser convencidos de que estão mortos", diz o Livro Tibetano.
ResponderExcluirMariana indicou seu blog e estou encantada. Parabéns pela escrita paradoxal _ delicada e contudente.