Mostrando postagens com marcador textos amigos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador textos amigos. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 2 de março de 2009

Campanha Veja outras Caras

Achei a iniciativa muito boa. A campanha já corre solta por aí, mas vale a pena mais um empurrão, né mesmo?

Por: Vinicius Souza e Maria Eugênia Sá – Jornalistas e fotógrafos independentes. http://mediaquatro.sites.uol.com.br

De nada adianta berrar contra a mídia hegemômica se não houver alternativas à disposição da população. Se a televisão brasileira e os jornalões são dominados por um punhado de famílias, e as rádios comunitárias e livres continuam sob repressão de políticos e igrejas que não querem dividir o dial, as publicações dos trabalhadores em papel não sofrem a mesma perseguição. Mas a distribuição em bancas também é dominada por um cartel que se recusa a entregar as revistas de maior circulação para quem insiste em vender material de “concorrentes”.

Já que os donos de bancas não podem prescindir economicamente das hegemônicas e as tiragens das populares são menores, estas, quando são vendidas, normalmente ficam de fora das prateleiras mais visíveis e quase nunca nas vitrines. Além disso, devido aos custos de papel e produção, os preços também não podem ser muito diferentes…Como, então, levar ao público leitor uma informação alternativa de qualidade e de graça? Nossa humilde sugestão é a singela Campanha Veja outras Caras!

A ideia é simples: trocar algumas publicações da mídia hegemônica disponíveis em lugares públicos, por revistas, jornais, boletins e outros materiais de conteúdo diferenciado. Afinal, quem já não teve de ficar horas na sala de espera de um consultório, escritório ou repartição tendo à mão para leitura apenas revistas sobre a vida das “celebridades” ou panfletos da direita disfarçados de semanários pseudo-informativos? E o que é pior: essas publicações normalmente são antigas, perpetuando sua condição hegemônica (como se não houvesse alternativa) e reafirmando conceitos e ideologias que quando não são francamente mentirosos ou preconceituosos, são contrários aos interesses dos trabalhadores, como o estímulo ao consumismo e à manutenção do status quo.

A Campanha Veja outras Caras não requer prática nem tampouco habilidade. O investimento financeiro, quando ocorre, é irrisório por ser distribuído entre vários agentes e sempre absorvido intelectualmente pelos autores antes das ações. Pode ser considerada uma prática de guerrilha midiática, mas não é ilegal nem traz danos às pessoas atingidas, a não ser talvez ao seu preconceito. E você ainda pode se livrar do acúmulo de papel em casa, que na era da Internet serve mais para juntar poeira e atrair cupins.

Para fazer parte da Campanha Veja outras Caras, basta simplesmente levar consigo, sempre que for passar por uma sala de espera, algumas boas publicações já lidas, atuais ou não, ou até mesmo textos interessantes de sites e blogs impressos em papel reutilizado (verso de sulfite já usado). Também valem fanzines, revistas semanais ou mensais que você considere de real credibilidade, jornais de bairro, quadrinhos, publicações sobre cultura, música, literatura, culinária, viagens e até livros que estejam apenas ocupando lugar nas estantes. Aí é só “trocar” seu bom material de leitura pelo lixo que estiver disponível. E dar um fim decente ao papel “recolhido”, como mandar para reciclagem, forrar a caixa de areia do gatinho, fazer esculturas de papier mâché, acender o carvão do churrasco…

domingo, 14 de dezembro de 2008

Homens femininos pero siempre masculinos

Se você gosta sensualmente de rapazes sabe muito bem: existem os homens femininos que gostam de homens e os homens femininos que preferem, também sexualmente, as moçoilas. Tenho um grande amigo cinquentão - com corpinho de 30 - jornalista, prolixo, romântico e há um tempo afastado oficialmente da profissão. Marinheiro navegante, Gilson Ribeiro não abre mão das palavras. E desde a juventude fez correr solto esse seu lado mulher que deixava as garotas caidinhas por ele. Há poucos dias me enviou o texto abaixo. Compartilho. Há poucas coisas mais gratificantes do que sentir que minha geração cinquentona insiste na beleza da poesia e dos sonhos. É mais gostoso ser mulher depois de ler o meu amigo querido.


A arte de ser mulher

Eu sou menina. Eu sou mulher. Sou o sol e sou a lua, a loucura e a razão. Sou a verdade, sou a mentira. A decência e a intriga. Sou o delírio do ser masculino. A ciranda da criança. Sou o amor mais intenso, sou terrível na vingança. Eu, mulher e menina, sou o bicho, sou o lixo, sou o ouro, passaporte para qualquer mundo, sem precisar de um visto. Sou o teto, sou a cama, sou o telhado e a varanda. Sou o choro e a chance da esperança. Sou adulta, sou criança. Mulher e menina, afirmo como estabelecido: sou cachorra, beijo a boca de quem eu quero, acordo cedo, trabalho e cuido dos meus filhos. Sou fêmea, sou secreta. Sou uma caixa fechada de pernas abertas. Sou crua, sou dama, sou prostituta, sou o mundo e sou a rua. Na menstruação, fico nervosa Que ninguém comigo possa! Abraço um corpo suado, sonhando em ser perfumado. Assim, de repente, (que ironia!) eu me entrego de verdade, para um idiota qualquer, chamando de namorado. Sou menina. Sou mulher. Sou a faca e a colher. Sou vaidosa, exibicionista. Faço sexo, como artista. Tiro fotos e mostro o corpo. Mesmo assim já fui enganada até o pescoço. Por isso é melhor o Adão se calar. E a serpente também. Sou mulher no infinito, eterna Eva no paraíso. Eu sou mulher. Eu sou menina. A poesia que não será lida. Dos meus seios corre o leite e do meu ventre nasce a vida.