No final de semana morreu a ex-mulher de um amigo.
Ela foi baleada no rosto, assassinada durante uma tentativa de assalto no bairro carioca de Bonsucesso. Assustada, pisou na embreagem em vez de frear o carro. O tranco assustou o bandido. O revólver disparou. E lá se foi uma jovem mulher, mãe de três filhas.
Nunca fomos próximas. Mas acompanhei com atenção a batalha dela pela sobrevivência e pela educação das filhas. E dei uma força quando ela quis aprender a dirigir.
Ela estava ao volante quando foi morta.
Será, será, será.................?
Foi também no final de semana que a tia de uma outra amiga caiu no golpe do sequestro via celular. Ficou horas negociando com os falsos sequestradores. Acabou levando jóias e dinheiro para o local determinado por eles. Perdeu tudo. E só depois entendeu que tudo não passou de uma pegadinha....
Faz tempo que a vida parou de ter valor no Rio de Janeiro e em outras tantas cidades do Brasil.
A morte ronda as esquinas com petulância.
O que ainda falta acontecer para que todos, juntos, declaremos estado de calamidade pública na capital mais bonita do país?
É normal voltar pra casa e pensar: "ufa, mais um dia sobrevivido na Faixa de Gaza Tupiniquim" ?
Para onde estamos indo?
Escrever sobre cinema e sobre a vida que corre solta mantém meus olhos abertos enquanto o futuro invade, maroto, a minha praia.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
sábado, 11 de abril de 2009
Crueldade na padaria
O rosto deveria ser inexplorável, quase inexpressivo. Mas no olhar fixo e sem piscadas o ódio era intenso. Aquele era um homem jovem, alto e magro. Um ser humano que poderia simplesmente fazer parte daquele cenário. Mas.......
Praticamente empurrou o rapaz para fora do estabelecimento. O ato de expulsar não foi explicitamente violento. A pressão dos dedos da mão sobre as carnes do indesejado não deixou dúvidas. Aquele homem jovem, alto e magro era um ser humano diferente. Poderia fazer parte de qualquer esquadrão - da morte, da milícia, do tráfico ou do colarinho branco.
Na rua, encostado numa parede, o dono do olhar cruel tentava se confundir com a paisagem. Aparentemente tranquilo. O corpo, no entanto, transpirava maldade. O objeto indesejado, agora do lado de fora do estabelecimento, ainda continuava por ali à espera de gestos de compaixão e boa vontade.
Fui em direção ao pedinte. Sabia que ele aguardava apenas o que chamaria, mais tarde, de caridade. Depositei algumas moedas na palma da mão encardida.
Antes de seguir o meu caminho, não sei por que fui até o homem, suposto segurança do local. O olhar era o mesmo. A voz saiu baixa quando falei que senti pena do sem-teto e resolvi dar-lhe algum dinheiro. Nem assim ele me encarou. Baixou a vista e ajeitou a cabeça, para em seguida focalizar novamente o objeto rejeitado. Senti a frieza do ódio depois de alguns passos. Virei para trás e rapidamente nossos olhos se cruzaram.
O baixo astral provoca arrepios. A maldade, calafrios. Incrível mesmo é que tudo isso aconteça numa manhã linda, de céu azul e gorjeios variados. E dentro de uma padaria.
Para onde estamos indo?
Praticamente empurrou o rapaz para fora do estabelecimento. O ato de expulsar não foi explicitamente violento. A pressão dos dedos da mão sobre as carnes do indesejado não deixou dúvidas. Aquele homem jovem, alto e magro era um ser humano diferente. Poderia fazer parte de qualquer esquadrão - da morte, da milícia, do tráfico ou do colarinho branco.
Na rua, encostado numa parede, o dono do olhar cruel tentava se confundir com a paisagem. Aparentemente tranquilo. O corpo, no entanto, transpirava maldade. O objeto indesejado, agora do lado de fora do estabelecimento, ainda continuava por ali à espera de gestos de compaixão e boa vontade.
Fui em direção ao pedinte. Sabia que ele aguardava apenas o que chamaria, mais tarde, de caridade. Depositei algumas moedas na palma da mão encardida.
Antes de seguir o meu caminho, não sei por que fui até o homem, suposto segurança do local. O olhar era o mesmo. A voz saiu baixa quando falei que senti pena do sem-teto e resolvi dar-lhe algum dinheiro. Nem assim ele me encarou. Baixou a vista e ajeitou a cabeça, para em seguida focalizar novamente o objeto rejeitado. Senti a frieza do ódio depois de alguns passos. Virei para trás e rapidamente nossos olhos se cruzaram.
O baixo astral provoca arrepios. A maldade, calafrios. Incrível mesmo é que tudo isso aconteça numa manhã linda, de céu azul e gorjeios variados. E dentro de uma padaria.
Para onde estamos indo?
quinta-feira, 9 de abril de 2009
UMA AUSÊNCIA QUE ME INCOMODA
Minha proposta era tentar manter uma assuidade razoável neste blog. Afinal, a gente escreve para compartilhar o que vivemos e sentimos.
De um mês pra cá minha vida profissional deu uma guinada. Comecei a trabalhar longe de casa - bem longe. Entre a hora que acordo (4h30) e minha volta para casa (20h00) sobra pouco tempo para relaxar e dormir.
O novo ritmo é alucinante, apesar do desafio. É novidade. E coisas novas são sempre boas.
Mas são tantas coisa pra resolver que acabei deixando de lado o meu blog querido. Como disse a Cristina Montenegro, este espaço está " bem abandonadinho"...... Está mesmo.
Fico cheio de inveja quando leio - rapidamente - os blogs que tento visitar e acompanhar. Tá todo mundo escrevendo. Meu amigo Ricardo Soares sempre de vento em popa. O blog do Bourdoukan bombando, com o perdão da metáfora.... E ainda tem novos amigos que foram aparecendo desde dezembro, quando decidi começar a escrever ..... Groo, Urtigão, Balaio Porreta e muitos outros...
Pois então: parei tudo aqui no trabalho para mandar um beijo e um abraço. E pedir a vocês que não fujam e nem sumam. E que tenham paciência. Este é só um intervalo em que reorganizo minha vida e reequilibro energias e sensações.
um beijo para todos.
De um mês pra cá minha vida profissional deu uma guinada. Comecei a trabalhar longe de casa - bem longe. Entre a hora que acordo (4h30) e minha volta para casa (20h00) sobra pouco tempo para relaxar e dormir.
O novo ritmo é alucinante, apesar do desafio. É novidade. E coisas novas são sempre boas.
Mas são tantas coisa pra resolver que acabei deixando de lado o meu blog querido. Como disse a Cristina Montenegro, este espaço está " bem abandonadinho"...... Está mesmo.
Fico cheio de inveja quando leio - rapidamente - os blogs que tento visitar e acompanhar. Tá todo mundo escrevendo. Meu amigo Ricardo Soares sempre de vento em popa. O blog do Bourdoukan bombando, com o perdão da metáfora.... E ainda tem novos amigos que foram aparecendo desde dezembro, quando decidi começar a escrever ..... Groo, Urtigão, Balaio Porreta e muitos outros...
Pois então: parei tudo aqui no trabalho para mandar um beijo e um abraço. E pedir a vocês que não fujam e nem sumam. E que tenham paciência. Este é só um intervalo em que reorganizo minha vida e reequilibro energias e sensações.
um beijo para todos.
domingo, 29 de março de 2009
Aconteceu comigo....
Simplesmente ocorreu. Aconteceu. Concretizou-se.
O estranho e único momento em que somos fisgados por um lance de dados. A coincidência extrema. Talvez o destino que bata na porta ou uma conspiração de anjos a seu favor. O telefonema.
Os dias passavam mornos por fora, conturbados e revoltos no interior.
Calma aparente, amargura roendo um pedaço de alma.
As questões pessoais eram as mais comuns: valorização, autoestima, envelhecer com dignidade. A eterna espera por uma ligação que aprove ou não o projeto que vai mudar a sua vida para melhor.
Crise ou azar, a verdade é que os planos são derrubados um a um. E você se esforça para não sucumbir. Quase acredita na força do pensamento positivo. A energia existe, o teatro em torno dela é que incomoda.
E então você está atenta, apesar de um tanto quanto conformada quando compra 5 livros para não perder o hábito. E o telefone toca.
Não é quem você espera. Não é o que você espera. É uma voz conhecida, embora nada íntima. Um tom de convocação para um próximo passo inesperado. Você topa. E em 24 horas sua rotina vira de ponta cabeça.
Back in business. Você não desistiu.
Foi assim mesmo. Por conta de um único telefonema, às 10 da noite, quando você tinha certeza que nada interromperia a leitura do livro que acabou de comprar.
O acaso e os anjos são geniais.
O estranho e único momento em que somos fisgados por um lance de dados. A coincidência extrema. Talvez o destino que bata na porta ou uma conspiração de anjos a seu favor. O telefonema.
Os dias passavam mornos por fora, conturbados e revoltos no interior.
Calma aparente, amargura roendo um pedaço de alma.
As questões pessoais eram as mais comuns: valorização, autoestima, envelhecer com dignidade. A eterna espera por uma ligação que aprove ou não o projeto que vai mudar a sua vida para melhor.
Crise ou azar, a verdade é que os planos são derrubados um a um. E você se esforça para não sucumbir. Quase acredita na força do pensamento positivo. A energia existe, o teatro em torno dela é que incomoda.
E então você está atenta, apesar de um tanto quanto conformada quando compra 5 livros para não perder o hábito. E o telefone toca.
Não é quem você espera. Não é o que você espera. É uma voz conhecida, embora nada íntima. Um tom de convocação para um próximo passo inesperado. Você topa. E em 24 horas sua rotina vira de ponta cabeça.
Back in business. Você não desistiu.
Foi assim mesmo. Por conta de um único telefonema, às 10 da noite, quando você tinha certeza que nada interromperia a leitura do livro que acabou de comprar.
O acaso e os anjos são geniais.
domingo, 22 de março de 2009
A AMÉRICA DE CLINT EASTWOOD

Entrei no cinema para ver GRAN TORINO esperando um solo de Clint, ator politicamente envolvido com o partido republicano desde os anos 50 e considerado conservador nos moldes do chamado "progressismo" norteamericano.
O filme é mesmo um solo do eterno Dirty Harry, agora mais maduro e ainda mais amargo. Mas que solo.... e que roteiro subreptício, no bom sentido. Um retrato dolorido do "puzzle" no qual se transformou a sociedade americana. Um quebra-cabeça de culturas e costumes que transformaram as ruas das grandes e médias cidades dos Estados Unidos em guetos controlados por gangues das mais variadas procedências.
Um coroa americano racista, enlutado, amargo e grosseiro. A intolerância ambulante. E um subúrbio típico, dominado pelas tais gangues de latinos, asiáticos e negros. Nas ruas, ser bonzinho ou tentar encontrar um rumo na vida pode ser o passaporte para o inferno.
O filme é um manifesto contundente contra a intolerância e uma crítica bem humorada à ditadura do politicamente correto que invadiu o país de Obama. Num país que abriga imigrantes de todas as partes do planeta, os amigos contam piadas de judeus, italianos, polacos, irlandeses e negros. E depois tomam uma gelada sem culpa.
O final é melodrama puro. Mas a performance de Clint vale cada fotograma. Não faz mal que ele tenha feito campanha para Nixon e votado duas vezes em Schwarzenegger. Desde BIRD - um belíssimo filme (1988) sobre o grande Charlie Parker - acompanho com admiração todas as suas empreitadas.
sábado, 14 de março de 2009
Depressão, ciúme, loucura?
Que estranhos caminhos percorre a mente de um homem que dirige um carro, agride a mulher com o extintor de incêndio na frente da filha de 5 anos , abre a porta e empurra a mãe da menina com o veículo em alta velocidade, vai até o aeroporto local, invade um avião, decola - sem saber pilotar - leva a filha para uma aventura fatal e se joga ou cai em cima de um estacionamento de shopping na cidade de Goiânia?
Que demônios habitam esse ser?
A família conta que ele estava deprimido. OK. Depressão aguda é mesmo um demônio à espreita. Mas será a depressão a razão de todo esse drama? Um drama que matou um adulto enlouquecido e, PRINCIPALMENTE, uma criança de 5 anos? Uma menina que vivenciou, num curtíssimo espaço de tempo, as emoções mais desconcertantes e avassaladoras que um ser humano pode vivenciar? Uma garotinha que deveria se sentir protegida e amada na presença dos pais e que antes de morrer ainda é obrigada a testemunhar a crueldade e a insensatez que invadem a alma de um adulto que ela aprendeu a chamar de pai?
E a mãe, em coma, que ainda vai ter que acordar para viver a PERDA absoluta, com letras maiúsculas?
Que universo é esse em que crianças de 9 anos engravidam de padrastos, em que a igreja católica condena abortos mas não estupradores, em que um adolescente alemão assassina 16 colegas e um pai embarca com a filha para o céu e despenca no inferno?
Pergunto: será que a física quântica ou alguma outra lei fascinante e misteriosa dos buracos negros explicam a razão de ser de tudo isso?
Peço ajuda aos universitários.
Que demônios habitam esse ser?
A família conta que ele estava deprimido. OK. Depressão aguda é mesmo um demônio à espreita. Mas será a depressão a razão de todo esse drama? Um drama que matou um adulto enlouquecido e, PRINCIPALMENTE, uma criança de 5 anos? Uma menina que vivenciou, num curtíssimo espaço de tempo, as emoções mais desconcertantes e avassaladoras que um ser humano pode vivenciar? Uma garotinha que deveria se sentir protegida e amada na presença dos pais e que antes de morrer ainda é obrigada a testemunhar a crueldade e a insensatez que invadem a alma de um adulto que ela aprendeu a chamar de pai?
E a mãe, em coma, que ainda vai ter que acordar para viver a PERDA absoluta, com letras maiúsculas?
Que universo é esse em que crianças de 9 anos engravidam de padrastos, em que a igreja católica condena abortos mas não estupradores, em que um adolescente alemão assassina 16 colegas e um pai embarca com a filha para o céu e despenca no inferno?
Pergunto: será que a física quântica ou alguma outra lei fascinante e misteriosa dos buracos negros explicam a razão de ser de tudo isso?
Peço ajuda aos universitários.
domingo, 8 de março de 2009
Trabalho temos de sobra!

Os jornais deste domingo trazem um cardápio variado de mulheres ao redor do mundo.
Na comemoração do dia Internacional da Mulher, os fotógrafos do planeta capricharam. De Kandahar a Madri, do Rio a Manila, estão lá as imagens dos movimentos populares que ocupam as ruas das grandes cidades no dia de hoje.
Entre as fotos escolhi a que, na minha opinião, resume com perspicácia a arte e o fardo de ser mulher. E cá entre nós, a frase do cartaz é boa demais, né não? Queremos emprego porque trabalho já temos de sobra. Isso é verdade aqui no Brasil ou lá em Estocolomo, confere?
Assinar:
Postagens (Atom)