No final de semana morreu a ex-mulher de um amigo.
Ela foi baleada no rosto, assassinada durante uma tentativa de assalto no bairro carioca de Bonsucesso. Assustada, pisou na embreagem em vez de frear o carro. O tranco assustou o bandido. O revólver disparou. E lá se foi uma jovem mulher, mãe de três filhas.
Nunca fomos próximas. Mas acompanhei com atenção a batalha dela pela sobrevivência e pela educação das filhas. E dei uma força quando ela quis aprender a dirigir.
Ela estava ao volante quando foi morta.
Será, será, será.................?
Foi também no final de semana que a tia de uma outra amiga caiu no golpe do sequestro via celular. Ficou horas negociando com os falsos sequestradores. Acabou levando jóias e dinheiro para o local determinado por eles. Perdeu tudo. E só depois entendeu que tudo não passou de uma pegadinha....
Faz tempo que a vida parou de ter valor no Rio de Janeiro e em outras tantas cidades do Brasil.
A morte ronda as esquinas com petulância.
O que ainda falta acontecer para que todos, juntos, declaremos estado de calamidade pública na capital mais bonita do país?
É normal voltar pra casa e pensar: "ufa, mais um dia sobrevivido na Faixa de Gaza Tupiniquim" ?
Para onde estamos indo?
Tânia, é incrível como nos acostumamos com o caos. A vida vai seguindo e as mortes, assaltos e sequestros vão acontecendo e a vida vai seguindo, como se tudo já fizesse parte do dia-a-dia e que é assim mesmo, não tem jeito e a vida vai seguindo, com a insegurança cada vez maior e a bandidagem aumentando e a vida vai seguindo...É triste, a onde vamos parar.Um abraço, Armando.[recomentarios.blogspot.com]
ResponderExcluirVejo essa "impecabilidade-de-aparência" como um TERRÍVEL (e ótimo) exemplo de comportamento patriarcalista que já devia ter "caido de podre"...
ResponderExcluirTenho um grande amigo, brilhante amigo, que tem um peso emocional nos ombros terrivel (atrapalhando sua vida), porque seu adorado avô o educou recitando diariamente que "...Só há uma coisa a fazer na vida: a certa"...
Fico doente quando vejo colegas educadores, ou colegas de RH, assumindo passiva (e até entusiasticamente!) esses papos de que "há a roupa certa para isso ou para aquilo", etc...
Enquanto isso, "na vida da Vida real", o "pau come"!... Roupa certa?...Enquanto tem gente que sequer COME?!...
Está tudo per-vertido (vertido inadequadamente), muito doentio, e - se tem uma coisa que "as coisas" NÃO estão, é "certas"!...
A associação entre impecabilidade (especialmente a "fake"), e patriarcalismos NÃO é originalmente minha; é de váááááários autores respeitadíssimos; apenas, eu assino embaixo deles NA MAIOR, e uso quando penso, escrevo, olho prô Mundo...
Há de haver uma fronteira entre a resignação diante do trágico, e o não vermos que o Rei (patriarcal) está peladaço...
BJS!
Fico sempre horrorizada, permaneço em estado de horror. Porque a vida como a conhecemos, nunca teve valor, na história, como não tem hoje, seja no Rio, ou Londres ou Tóquio (Ou Nagasaki, Roma do Império, Imperio Grego ou Persa.)Não sei se é a isso que se refere a Chistina, acima. Afinal o sistema patriarcal dos chimpanzés leva a uma sociedade agressiva e violenta, enquanto que entre os bonobos, genética e morfológicamente muito semelhantes, o sistema social matriarcal monta outro tipo de relações sociais, inclusive entre os machos.
ResponderExcluirÉ, amigas (os) é questão de estar na hora e lugares errados.Nascemos em tempo errado, lugar errado e com pouca perspectiva de mudança, nos processos contínuos.
Cristina, não entendi o seu comentário. Tem alguma coisa a ver com o que escrevi sobre a morte dessa moça? Por que se referiu à impecabilidade da aparência?
ResponderExcluirQuando não entendemos alguma coisa é sempre bom perguntar.
beijos tristonhos
Me referia à NOSSA aparente "impecabilidade": o que você comentava (e o Armando endossou) sobre "voltarmos para casa, como se tudo estivesse normalíssimo", sem conseguirmos organizar nossas turbulências e indignação.
ResponderExcluirÉ que acredito que há uma "impecabilidade mitologicamente patriarcalista culturalmente no ar", a "dar cordinha", "dar calço" para essa nossa postura; como se fosse ficando "cada vez mais deselegante dizer onde e quando o Rei está nu" (REI-PAI-APOLO-BELEZA-ELEGÂNCIA-COISAS e VIDA "LIMPINHAS", etc.).
É uma tendência a uma "impecabilidade fake" herdeira da busca apolínea de suposta perfeição.
Dionísio é "sujo"; indignação, gritos, briga, paixão, criação, parir, etc são "sujos" mitologica-culturalmente.
Ih! Mas isso é um papo compridíssimo, que não cabe aqui; espero que tenha dado para compreender a idéia principal...
BJS!
Em tempo: não quis comentar, para não ficar morbidamente futucando suas feridas; mas... por outro lado compartilhar FALANDO não é ruim.
ResponderExcluirJá perdi, há alguns anos uma amiga pela violência urbana.
Ela arrumou um "namorado novo", "aparentemente todo certinho". Só que ela era sobrinha de um senhor que trabalhava na polícia, e uma gang queria se vingar. Jogaram o "todo certinho" de isca, ela caiu...faleceu jogada nas águas da Niemayer...
Na ocasião, vários amigos queriam levar a questão adiante, mas a família preferiu chorar e deixar a bola baixar, para preservar a segurança dos demais membros da família...
Esse foi um caso; infelizmente chorei outros também. Assim, te entendo; tenho MUUUITAS tristezas como essa, como você e muitos, infelizmente.
Até quando?
A Hannah Arendt é outra que fala que o silêncio é por si uma violência.
Silêncio e supostas impecabilidades frequentemente 'tão de bracinho dado...
É o meu medo...
BJS!
Depois de ler isso tudo ai que eu não entendi nada, não sei se fica feio simplesmente dizer que lamento muito pela morte da ex-mulher do seu amigo, e lamento mais ainda por morar aqui no lugar que você chama faixa de gaza. É muito triste saber que o lugar onde nasci e fui criada está sendo conhecido por ser violento,por ser um lugar onde você vai sem saber se volta.
ResponderExcluirEspero um dia, que tanto bonsucesso quanto seu entorno seja reconhecido não por sua violência, mas por ser um lugar onde as pessoas dão a volta por cima e lutam a cada dia pra ter uma vida melhor...
grande beijo pra vc...
"O que ainda falta acontecer para que todos, juntos, declaremos estado de calamidade pública na capital mais bonita do país?"
ResponderExcluirTania, segundo a ONU, se um país ultrapassa o índice de 15 mil mortes violentas no ano este país configura-se em "estado de guerra civil".
Só em "assassinatos de trânsito" no Brasil mata cerca de 35 mil pessoas. A quantidade de pessoas que morreram em nossas estradas durante as festas de Natal e Reveillon é muito próxima à quantidade de vítimas dos ataques promovidos por Israel à faixa de Gaza.
Em suma, estamos em uma guerra não declarada. Infelizmente.
abs!