Escrever sobre cinema e sobre a vida que corre solta mantém meus olhos abertos enquanto o futuro invade, maroto, a minha praia.
sábado, 6 de novembro de 2010
ENVELHESCÊNCIA É DURA ( por Ricardo Soares)
Envelhecer não é exatamente saber onde se carrega mais (ou menos) no molho da comida nem em que lado da cama definitivamente deva se dormir. Não é crer todo dia na balela da qualidade ao invés da quantidade e nem festejar cabelos que ficam grisalhos ou que minguam enquanto o tempo passa na janela e abaixo dela a juventude , os amores fortuitos, as paixões baratas, os gritos, suores e gemidos e nosso desapego em nos apegarmos a situações provisórias como se fossem definitivas. Envelhecer não é exatamente suave nesses tempos modernos onde não é moderna a “envelhescência”. Aqui ficar mais velho é um nada sutil pedido para que a gente se manque, para que trombeteemos nosso próprio toque de recolher pois o alvorecer é para os mais jovens. Assim é se lhe parece. Assim parece para a maioria que não reconhece no mais velho a experiência, o conhecimento de onde se localizam as minas do caminho. Os jovens querem , enfim, pisar nelas, arcar com suas próprias explosões. Não os culpo. Fui assim, muito de nós fomos assim. No entanto quero , envelhecendo, continuar a me explodir e não a implodir minhas ilusões, ambições e anseios. O velho não cabe nessa publicidade de um mundo jovem e bem resolvido. É isso que não faz sentido e me deixa sentido.
domingo, 14 de junho de 2009
A partida

Apareço, escrevo, digo oi para todos no dia em que a parada Gay de São Paulo reúne, como sempre, milhões de pessoas.
Escrevo quando os corpos do airbus 330 esperam, irreconhecíveis, pela identificação e o quebra-cabeça da tragédia começa a se resolver.
Digo oi neste 14 de junho friorento do Rio de Janeiro para comentar sobre um dos filmes mais delicados e brilhantes que assisti nos últimos tempos. A PARTIDA, uma obra prima com trilha sonora ocidental - lindíssima - e roteiro genialmente oriental.
Grudei na cadeira do cinema durante duas horas. Primeiro, pelo prazer de constatar que em matéria de cinema os japoneses nos surpreendem sempre. Segundo porque um roteiro como o de A PARTIDA (ou AS PARTIDAS, se formos pela cadência do filme) nunca poderia ser escrito por mãos e cérebros ocidentais.
Como partimos deste mundo? Pela mão de quem? E o que deixamos depois da partida? Qual é a nossa relação com esse último suspiro - o dos outros e o nosso?
Não vou estragar a surpresa dos que ainda não se aventuraram nas partidas mais do que contemporâneas de Yojiro Takita. Só vou dizer que a cada minuto você se surpreende com o talento dos atores, com o enredo que se torna complexo sem ficar intransponível e, finalmente, com o vulcão de emoções aparentemente reprimidas pela tradição e cultura japonesas.
Não, o filme não tem gueixas entre os personagens. Estamos no Japão de 2008, em plena crise econômica.
É cinema radicalmente oriental, mas nós, tupiniquins, nos sentimos muito próximos da trama. O filme fala com a morte. Dialoga com todos nós. Mesmo assim, as lágrimas que escorrerão pelo seu rosto terão nascido em alguma cidadezinha distante, na terra do sol nascente.
Prepare-se para o violoncelo e para a Ave Maria. Isso mesmo. A tradição é deles, a música é universal. A emoção é de todos nós.segunda-feira, 1 de junho de 2009
Blog do Bourdoukan
Alguém pode me dizer o que houve com o blog do querido Bourdoukan?
Tentei acessá-lo e a informação é de que ele foi removido deste blogger.
Por que?
Tentei acessá-lo e a informação é de que ele foi removido deste blogger.
Por que?
Tragédia no ar
Começar a trabalhar cedinho tem dessas coisas. Desde às 6 da manhã acompanho as dúvidas, suposições e investigações sobre o acidente com o avião da Air France que saiu do Rio de Janeiro com destino a Paris.
Em Paris, a Air France organizou-se rapidamente no aeroporto Charles de Gaulle para receber parentes das supostas vítimas. Supostas porque o aparelho da Air France ainda não foi localizado pelos aviões da aeronáutica brasileira.
Aqui no Rio, no aeroporto do Galeão, vimos um rapaz ser assediado por 5 ou 6 microfones de televisão. Ninguém no balcão da compania aérea. A orientação era seguir para um salão do terminal 2.
O que aconteceu? O que vai acontecer?
Nesta manhã cinzenta de segunda-feira centenas de corações devem estar apertados e de luto.
Nós, sobreviventes, respiramos fundo. Porque é só o que nos cabe nesta corda bamba que chamamos de vida.
Um abraço apertado em todos os parentes das 228 pessoas que estavam no vôo da Air France. Ainda não sabemos o que aconteceu. Quando soubermos, mais lágrimas cairão.
Em Paris, a Air France organizou-se rapidamente no aeroporto Charles de Gaulle para receber parentes das supostas vítimas. Supostas porque o aparelho da Air France ainda não foi localizado pelos aviões da aeronáutica brasileira.
Aqui no Rio, no aeroporto do Galeão, vimos um rapaz ser assediado por 5 ou 6 microfones de televisão. Ninguém no balcão da compania aérea. A orientação era seguir para um salão do terminal 2.
O que aconteceu? O que vai acontecer?
Nesta manhã cinzenta de segunda-feira centenas de corações devem estar apertados e de luto.
Nós, sobreviventes, respiramos fundo. Porque é só o que nos cabe nesta corda bamba que chamamos de vida.
Um abraço apertado em todos os parentes das 228 pessoas que estavam no vôo da Air France. Ainda não sabemos o que aconteceu. Quando soubermos, mais lágrimas cairão.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
As sombras da noite
No trajeto de sempre, o final da noite clareia sombras, expõe personagens e revela quem batalha pela sobrevivência até o raiar do sol.
No caminho de todos os dias, esses fantasmas são perceptíveis por conta da lantejoula, do glitter, da pouca roupa e das carnes expostas. Homens, mulheres, travestis.... uma trupe que encara o amanhecer como o encerramento de mais um dia de trabalho.
No calor ou no frio da alvorada, as damas e príncipes da noite se misturam à paisagem radiante de Copacabana, em plena avenida Atlântica. O tititi e a esperança de um último cliente lentamente se diluem no corre-corre matinal. Saem as mulheres de vida nada fácil, entram os praticantes do cooper diário.
Em câmera lenta, a mulher que perambula por Copacabana usa a mesma canga enquanto cata lixo nas latas da prefeitura. Os sem-teto ainda dormem o sono inocente e sonham com a cama que nunca terão. O bebê ressona mergulhado no peito da mãe. E a mãe, recém-desperta, prepara-se para o ritual cotidiano da esmola, uma rotina que não planeja interromper.
Nos minutos que precedem o amanhecer carioca, as sombras da noite reinam com teimosia no cenário da cidade maravilhosa. Em poucas horas, quando o sol estiver a pino, desaparecerão sob a bruma pesada da realidade....Retornarão gloriosas no entardecer, apesar de sombras.
No caminho de todos os dias, esses fantasmas são perceptíveis por conta da lantejoula, do glitter, da pouca roupa e das carnes expostas. Homens, mulheres, travestis.... uma trupe que encara o amanhecer como o encerramento de mais um dia de trabalho.
No calor ou no frio da alvorada, as damas e príncipes da noite se misturam à paisagem radiante de Copacabana, em plena avenida Atlântica. O tititi e a esperança de um último cliente lentamente se diluem no corre-corre matinal. Saem as mulheres de vida nada fácil, entram os praticantes do cooper diário.
Em câmera lenta, a mulher que perambula por Copacabana usa a mesma canga enquanto cata lixo nas latas da prefeitura. Os sem-teto ainda dormem o sono inocente e sonham com a cama que nunca terão. O bebê ressona mergulhado no peito da mãe. E a mãe, recém-desperta, prepara-se para o ritual cotidiano da esmola, uma rotina que não planeja interromper.
Nos minutos que precedem o amanhecer carioca, as sombras da noite reinam com teimosia no cenário da cidade maravilhosa. Em poucas horas, quando o sol estiver a pino, desaparecerão sob a bruma pesada da realidade....Retornarão gloriosas no entardecer, apesar de sombras.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Aecinho e José Serra
Se Aécio Neves considera piada ou invencionice aventar-se a possibilidade dele vir a ser vice na chapa de Serra presidente, o que será que vem por aí?
Como se comportarão os tucanos diante de eleições prévias para a escolha do candidato do partido à presidência da república?
Aécio e Serra seria uma chapa puro-sangue destinada ao fracasso?
E nós, brasileiros, como nos comportaremos nas eleições de 2010?
Que tal riscarmos do mapa e do Congresso algumas centenas de deputados e mais outros tantos senadores?
Cada brasileiro tem o congressista que merece... Todos sabemos disso.
Como se comportarão os tucanos diante de eleições prévias para a escolha do candidato do partido à presidência da república?
Aécio e Serra seria uma chapa puro-sangue destinada ao fracasso?
E nós, brasileiros, como nos comportaremos nas eleições de 2010?
Que tal riscarmos do mapa e do Congresso algumas centenas de deputados e mais outros tantos senadores?
Cada brasileiro tem o congressista que merece... Todos sabemos disso.
quarta-feira, 13 de maio de 2009
A rotina e a criatividade
Não tem sido fácil sentar para escrever. O dia começa às quatro e meia da manhã e termina às nove da noite.
Correria no trabalho, no tempo enorme gasto na viagem de ônibus que me leva de volta ao Leme e uma vontade enorme de relaxar e ler quando finalmente estico o corpinho malhado - não cancelei as idas à academia, muito pelo contrário - na caminha.
E assim voa a semana, de segunda a sexta.
Tinha prometido mais assiduidade para mim mesma. Não tenho conseguido. Mas zapeio virtualmente os blogs de amigos e conhecidos. E agora, no meio do trabalho, aproveito para digitar estas mal traçadas....
Ando triste com a notícia de que uma grande amiga está doente de novo. Um tumor danado de teimoso que reapareceu e precisa ser combatido.
Fico contente porque outro grande amigo resiste bravamente e luta contra o câncer.
Também fico pasma com a insistência da imprensa em relação ao câncer do nosso vice-presidente. Ele diz que está bem, os repórteres afirmam que não. E eu pergunto: é absolutamente necessário questionar publicamente - e seguidamente - o vice-presidente da República sobre sua doença pública e notória? Todos não sabemos que José Alencar é um sobrevivente e luta para viver seus dias com dignidade?
Não sei se o número de casos de câncer aumentou nos últimos anos ou se a medicina evoluiu tanto que agora os tumores são mais facilmente detectáveis. O fato é que a doença, insidiosa, cresce silenciosamente entre as várias camadas da população. As estatísticas mostram que morrer do coração ainda é mais comum. Mas o câncer, sem dúvida nenhuma, tem provocado estragos sem fim. Amigos, homens e mulheres públicos lutam para viver.
Que todos sobrevivam a doença, ao medo e a dor. E continuem conosco por muito tempo ainda.
Meu carinho e afeto especial para minha grande amiga. Que ela sinta o meu abraço apertado e o meu beijo estalado.
Correria no trabalho, no tempo enorme gasto na viagem de ônibus que me leva de volta ao Leme e uma vontade enorme de relaxar e ler quando finalmente estico o corpinho malhado - não cancelei as idas à academia, muito pelo contrário - na caminha.
E assim voa a semana, de segunda a sexta.
Tinha prometido mais assiduidade para mim mesma. Não tenho conseguido. Mas zapeio virtualmente os blogs de amigos e conhecidos. E agora, no meio do trabalho, aproveito para digitar estas mal traçadas....
Ando triste com a notícia de que uma grande amiga está doente de novo. Um tumor danado de teimoso que reapareceu e precisa ser combatido.
Fico contente porque outro grande amigo resiste bravamente e luta contra o câncer.
Também fico pasma com a insistência da imprensa em relação ao câncer do nosso vice-presidente. Ele diz que está bem, os repórteres afirmam que não. E eu pergunto: é absolutamente necessário questionar publicamente - e seguidamente - o vice-presidente da República sobre sua doença pública e notória? Todos não sabemos que José Alencar é um sobrevivente e luta para viver seus dias com dignidade?
Não sei se o número de casos de câncer aumentou nos últimos anos ou se a medicina evoluiu tanto que agora os tumores são mais facilmente detectáveis. O fato é que a doença, insidiosa, cresce silenciosamente entre as várias camadas da população. As estatísticas mostram que morrer do coração ainda é mais comum. Mas o câncer, sem dúvida nenhuma, tem provocado estragos sem fim. Amigos, homens e mulheres públicos lutam para viver.
Que todos sobrevivam a doença, ao medo e a dor. E continuem conosco por muito tempo ainda.
Meu carinho e afeto especial para minha grande amiga. Que ela sinta o meu abraço apertado e o meu beijo estalado.
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