sábado, 6 de novembro de 2010

ENVELHESCÊNCIA É DURA ( por Ricardo Soares)

Envelhecer não é exatamente saber onde se carrega mais (ou menos) no molho da comida nem em que lado da cama definitivamente deva se dormir. Não é crer todo dia na balela da qualidade ao invés da quantidade e nem festejar cabelos que ficam grisalhos ou que minguam enquanto o tempo passa na janela e abaixo dela a juventude , os amores fortuitos, as paixões baratas, os gritos, suores e gemidos e nosso desapego em nos apegarmos a situações provisórias como se fossem definitivas. Envelhecer não é exatamente suave nesses tempos modernos onde não é moderna a “envelhescência”. Aqui ficar mais velho é um nada sutil pedido para que a gente se manque, para que trombeteemos nosso próprio toque de recolher pois o alvorecer é para os mais jovens. Assim é se lhe parece. Assim parece para a maioria que não reconhece no mais velho a experiência, o conhecimento de onde se localizam as minas do caminho. Os jovens querem , enfim, pisar nelas, arcar com suas próprias explosões. Não os culpo. Fui assim, muito de nós fomos assim. No entanto quero , envelhecendo, continuar a me explodir e não a implodir minhas ilusões, ambições e anseios. O velho não cabe nessa publicidade de um mundo jovem e bem resolvido. É isso que não faz sentido e me deixa sentido.

2 comentários:

  1. Ricardo..maravilhoso,sinto tudo isso...os olhares...a pergunta que não quer calar "o que esta senhora está fazendo aqui???????isso em vários setores..TEMOS MUITO QUE APRENDER.obrigada bjus

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