No trajeto de sempre, o final da noite clareia sombras, expõe personagens e revela quem batalha pela sobrevivência até o raiar do sol.
No caminho de todos os dias, esses fantasmas são perceptíveis por conta da lantejoula, do glitter, da pouca roupa e das carnes expostas. Homens, mulheres, travestis.... uma trupe que encara o amanhecer como o encerramento de mais um dia de trabalho.
No calor ou no frio da alvorada, as damas e príncipes da noite se misturam à paisagem radiante de Copacabana, em plena avenida Atlântica. O tititi e a esperança de um último cliente lentamente se diluem no corre-corre matinal. Saem as mulheres de vida nada fácil, entram os praticantes do cooper diário.
Em câmera lenta, a mulher que perambula por Copacabana usa a mesma canga enquanto cata lixo nas latas da prefeitura. Os sem-teto ainda dormem o sono inocente e sonham com a cama que nunca terão. O bebê ressona mergulhado no peito da mãe. E a mãe, recém-desperta, prepara-se para o ritual cotidiano da esmola, uma rotina que não planeja interromper.
Nos minutos que precedem o amanhecer carioca, as sombras da noite reinam com teimosia no cenário da cidade maravilhosa. Em poucas horas, quando o sol estiver a pino, desaparecerão sob a bruma pesada da realidade....Retornarão gloriosas no entardecer, apesar de sombras.
NOSSA!
ResponderExcluirTexto cinematográfico!...
BJS!
Tania, ando sumido realmente, mas não esqueci o teu blog, não.
ResponderExcluirBelíssima postagem, eu "vi" todas essas cenas em cariocas em seu texto. Parabéns.
abs