quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

É o uó do borogodó


Então ficamos assim. Porque indignação e perplexidade já não têm vez no cenário tupiniquim. É trapaça em cima de trapaça. Sem tempo para digestão.

Militares e civis flagrados roubando os donativos enviados para os flagelados das chuvas de Santa Catarina? Você imaginava ter que dormir com essa neste final de ano? Pois então. E a pose dos soldados saindo com mochilas carregadas de donativos? O riso, o escárnio. Sem falar na cara de pau da tal Teresilda Longen, a fulana que só devolveu o produto do roubo depois que a sogra a chamou de ladra.

Pausa para a taquicardia e para a falta de ar. Haja putice.

Podia ser enredo de minissérie, mas acabou se transformando em caso de.....uops, polícia. É triste educar um filho num país como este.

Um país em que operações policiais vazam a favor do bandido, vide caso desta semana na Rocinha. Uma terra em que protestos contra milhares de mortes violentas, no Rio de Janeiro, reúne menos manifestantes do que uma roda de samba na Lapa. Uma nação dividida entre a vontade de crescer com dignidade e a compulsão pelo acúmulo, pelo consumo exagerado e pelo enriquecimento a qualquer preço.

O professor de Ética Roberto Romano disse, em entrevista ao GLOBO que " não é possível perder a referência da perversidade, daí a importância da educação e do estado de direito". O historiador Marco Antonio Villa alerta: " quando se vê um político dividindo sacos de dinheiro, começa-se a achar natural um soldado , um voluntário separar daquele conjunto o que é melhor para ele. É necessário dar um basta".


Eu quero ajudar a dar esse basta. Alguém pode me dizer o que devo fazer? Ainda não voto nulo, tento acertar nas eleições mas estou convencida de que o buraco é mais embaixo. Esse nosso chamado sistema democrático precisa urgente de algumas revisões. Como sustentar uma democracia que seja representativa - de fato - num país em que o abismo entre ricos e pobres é um dos maiores do mundo desde 1500?

5 comentários:

  1. essa é a questão minha amiga...como não ser infeliz num país como esse ? o Brasil da ética perdida...esse seu post é uma bela porrada...quiçá todos a dessem...mas continuamos a ser o país da lei de Gerson...vergonhoso...vim também lhe agradecer pelo terno comentário acerca do meu desabafo de ontem,extensão de nossa conversa pelo msn...tem resposta pra vc lá
    kisses

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  2. Haja PuTice! Sim, vamos a história recente, quando o Lula foi eleito vivi um grande momento na minha vida de pessoa politizada e informada pois achava que agora o PT poderia dar BONS EXEMPLOS ao país de como se fazer política séria e ética. Qual não foi minha decepção quando incrédulo e chocado assisti o estouro do mensalão - PÉSSIMO EXEMPLO DE SE FAZER POLÍTICA - ainda quizeram amenizar dizendo que aquilo todos faziam - mas o PT era diferente, tinha que ser diferente, tinha a obrigação de ser diferente. Foi uma grande decepção. Essa introdução é para corroborar com o que você disse "como é difícil educar um filho neste país" de péssimos exemplos, pois se a elite, que se considera o melhor da sociedade, costuma dar péssimos exemplos, os que não tem tanta formação imitam ou fazem pior.Precisamos urgentemente de BONS EXEMPLOS de: HONESTIDADE, CARÁTER, CORAGEM, FIRMEZA, ÉTICA, COMPROMISSO, PATRIOTISMO, RESPEITO e DIGNIDADE. Pois o que aconteceu em Santa Catarina quando foi flagrado militares e civis roubando os donativos enviados para os flagelados é triste, do mesmo modo quando se sabe de juizes que vendendem sentenças e outras barbaridade que saem nos noticiários diariamente. É preciso que casos como estes os culpados sejam PUNIDOS EXEMPLARMENTE pois é disso que o Brasil precisa de PUNIÇÃO para os foras da lei e de BONS EXEMPLOS como o do flagelado que devolveu o dinheiro que achou no casaco doado.A seguir uma mostra de como os valores estão degradados e até os bons exemplos chegam a serem absurdamente condenados pela população: Um avião pequeno saiu de Aracaju-SE.com destino a Salvador-Ba. levando em seu interior malotes de um Banco (uns dizem que era dinheiro, outros dizem que eram cheques compensados),ao sobrevear um bairro pobre da periferia de Aracaju a porta se abriu e um malote caiu no solo, o qual foi achado por um morador que o devolveu ao Banco, pois não é que os moradores do bairro ficaram com raiva deste Senhor por ter o mesmo devolvido o malote, pois em entrevista a uma televisão local o mesmo contou que não pode andar pelo bairro pois todos os criticam chamando-o de idiota, o mesmo já fala até em se mudar do bairro.É, por isso que digo precisamos de muito mais BONS EXEMPLOS.Um abraço, Armando (fetichedecinefilo.blogspot.com)

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  3. Ha alguns anos, lendo um ensaio de Max Weber 'da politica' fiquei um tanto surpresa pois parecia que falava do Brasil de hoje e minha primeira reação foi "peguei o weber errado" Seguindo no texto percebi que ele analisava a corrupção e falta de ética da Alemanha de seu tempo. Desde então tento entender este fenomeno e as reviravoltas do humano. Talvez seja necessario um grande sofrimento para promover mudanças, no caso deles as guerras. Ou a crise para mudanças de paradigmas como pensou Thomas Kunh

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  4. O pensamento da Sra Urtigão é bom e concordo. Creio que para mudar, infelizmente será necessária uma grande desgraça, assim somente as pessoas se darão conta e mudarão.

    E com relação ao não anular, o sistema político, já escrevi uma sugestão. Deixo para ler, caso tenha interesse: http://mundiota.blogspot.com/2008/10/sistema-eleitoral.html

    []'s

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  5. O post é realmente sobre um absurdo. Mas ouso pensar só um pouquinho diferente.

    É possível educar nesse país sim, pq eu e todos vocês foram educados, BEM educados nesse mesmo país. Até mesmo pela referência composta por estes mesmos absurdos.

    Meus pais puderam, pretendo poder. Mas temos que sair da indiferença, do isolamento/isolacionismo. E principalmente não cair no rancor (como a Argentina), pq isso não transforma, não leva a lugar nenhum (onde estão hj?).

    Sem rancor, com indignação e justiça. ainda acredito que somos mais os éticos e justos no Brasil. Se fizermos real uso de nosso poder diário, concreto, sem jogar a bola pro outro, podemos sim. Se podemos indignar-nos, é porque transbordamos ética e o que vemos para nós não pode ser normal.

    Acabo de conhecer o blog, gostei. Voltarei.

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