domingo, 14 de dezembro de 2008

Homens femininos pero siempre masculinos

Se você gosta sensualmente de rapazes sabe muito bem: existem os homens femininos que gostam de homens e os homens femininos que preferem, também sexualmente, as moçoilas. Tenho um grande amigo cinquentão - com corpinho de 30 - jornalista, prolixo, romântico e há um tempo afastado oficialmente da profissão. Marinheiro navegante, Gilson Ribeiro não abre mão das palavras. E desde a juventude fez correr solto esse seu lado mulher que deixava as garotas caidinhas por ele. Há poucos dias me enviou o texto abaixo. Compartilho. Há poucas coisas mais gratificantes do que sentir que minha geração cinquentona insiste na beleza da poesia e dos sonhos. É mais gostoso ser mulher depois de ler o meu amigo querido.


A arte de ser mulher

Eu sou menina. Eu sou mulher. Sou o sol e sou a lua, a loucura e a razão. Sou a verdade, sou a mentira. A decência e a intriga. Sou o delírio do ser masculino. A ciranda da criança. Sou o amor mais intenso, sou terrível na vingança. Eu, mulher e menina, sou o bicho, sou o lixo, sou o ouro, passaporte para qualquer mundo, sem precisar de um visto. Sou o teto, sou a cama, sou o telhado e a varanda. Sou o choro e a chance da esperança. Sou adulta, sou criança. Mulher e menina, afirmo como estabelecido: sou cachorra, beijo a boca de quem eu quero, acordo cedo, trabalho e cuido dos meus filhos. Sou fêmea, sou secreta. Sou uma caixa fechada de pernas abertas. Sou crua, sou dama, sou prostituta, sou o mundo e sou a rua. Na menstruação, fico nervosa Que ninguém comigo possa! Abraço um corpo suado, sonhando em ser perfumado. Assim, de repente, (que ironia!) eu me entrego de verdade, para um idiota qualquer, chamando de namorado. Sou menina. Sou mulher. Sou a faca e a colher. Sou vaidosa, exibicionista. Faço sexo, como artista. Tiro fotos e mostro o corpo. Mesmo assim já fui enganada até o pescoço. Por isso é melhor o Adão se calar. E a serpente também. Sou mulher no infinito, eterna Eva no paraíso. Eu sou mulher. Eu sou menina. A poesia que não será lida. Dos meus seios corre o leite e do meu ventre nasce a vida.

2 comentários:

  1. O Blog é novo, mas vem com pé no porta! Assim que eu gosto. Quem toca a superfície é bunda de libélula, o lance é escafandrizar. Beijo, Tânia!

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