Também é atraente acompanhar o conflito de Olivia Orsini, uma atriz italiana em plena atividade no Théatre du Soleil, em Paris, onde ensaia " A Gaivota", de Tchekov. Ela se descobre grávida e, em seguida, recebe a notícia de que sua gravidez é de alto risco. É obrigada a interromper completamente sua rotina de trabalho como atriz. A interrupção provoca dúvidas, medos e questionamentos sobre a maternidade.
Creio que muitas mulheres se identifiquem com os conflitos vividos por Olivia. Gente que sentiu que ser mãe talvez não fosse o melhor dos mundos em alguma etapa específica da existência. No caso de Olivia, interromper o trabalho é um baque. Presenciar o marido em plena atividade, então, mais difícil ainda. Essa dificuldade, alías, é responsável por belos momentos do filme. Instantes em que atriz que habita a pele da italiana expressa com exuberância a voz e a delicadeza da atuação.
Gosto dos vários idiomas falados pelos personagens durante o filme dirigido por Petra Costa (diretora do já cult HELENA) e Lea Glob. A sensação é de um mundo maior e mais inteligente do que o imposto por fronteiras físicas, políticas ou religiosas.
Ficção e realidade estão ali, misturadas, durante toda a projeção. Mas algo me incomoda no retrato, nos relatos, nas interferências da diretora e nas reações de Olivia, confinada em seu apartamento. E o incômodo vem do excesso de egos em questão, uma viagem que se mostra quase um labirinto. Olivia, Serge (o marido), Petra (a diretora), personagens que me parecem demasiado autocentrados para um mundo já excessivamente individualista, como este que vivemos, em pleno século 21.
Tomo emprestado um parágrafo do texto de Marcelo Hessel sobre o filme, publicado no site Omelete: "Da mesma forma que Elena se contentava em se alimentar do mistério, sem fazer ou responder questões importantes sobre a irmã de Costa, Olmo e a Gaivota também cria um véu de um acordo criativo cuja finalidade nunca fica clara".
Em algum momento do filme Olivia diz que " no teatro nos sentimos protegidos de tudo". Se a proteção existe ou é construída pela pessoa que também é atriz, sem ela o filme poderia ser mais questionador e menos contemplativo.
Ficção e realidade estão ali, misturadas, durante toda a projeção. Mas algo me incomoda no retrato, nos relatos, nas interferências da diretora e nas reações de Olivia, confinada em seu apartamento. E o incômodo vem do excesso de egos em questão, uma viagem que se mostra quase um labirinto. Olivia, Serge (o marido), Petra (a diretora), personagens que me parecem demasiado autocentrados para um mundo já excessivamente individualista, como este que vivemos, em pleno século 21.
Tomo emprestado um parágrafo do texto de Marcelo Hessel sobre o filme, publicado no site Omelete: "Da mesma forma que Elena se contentava em se alimentar do mistério, sem fazer ou responder questões importantes sobre a irmã de Costa, Olmo e a Gaivota também cria um véu de um acordo criativo cuja finalidade nunca fica clara".
Em algum momento do filme Olivia diz que " no teatro nos sentimos protegidos de tudo". Se a proteção existe ou é construída pela pessoa que também é atriz, sem ela o filme poderia ser mais questionador e menos contemplativo.
genial, agradecida!
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