Caminhos de ida ou de volta sempre me emocionam, sejam eles em linha reta, cheios de curvas ou recheados de labirintos. São caminhos. E quando iniciamos um processo de escolha sobre os atalhos que vamos seguir, algo muda radicalmente na maneira como passamos a enxergar e a vivenciar as experiências que acompanham a decisão ou a falta dela.
Processos de decisão filmados me atraem porque são uma presente para a plateia que, no escurinho do cinema, pode identificar em si mesmo uma empatia qualquer com o que se passa na telona. E isso é muito bom.
Os dois personagens de CAMINHO DE VOLTA provocam essa empatia. Duas pessoas com personalidades e vivências muito diferentes, mas que são identificadas pelo espectador como "alguém como eu". Estamos diante de dois homens comuns, no melhor sentido da palavra, que abrem, diante das câmeras, suas dúvidas, frustrações e esperanças.
O documentário de José Joffily e Pedro Rossi é uma empreitada familiar. Os dois diretores contaram, em entrevistas realizadas durante o lançamento do Festival "É Tudo Verdade" (abril deste ano), que muitos personagens foram pesquisados durante o período de pré - produção. Só que dois dos escolhidos estiveram o tempo todo diante deles: a sogra e o cunhado de Joffily. E não é que essa intimidade deu certo?
Esse é um filme que me atraiu pelo conteúdo. É claro que a direção de fotografia estabeleceu um critério de ação, mas há outros ingredientes de improvisação - como câmeras na mão de quem nunca gravou nada antes - que só fazem enriquecer a narrativa.
Algumas cenas são tocantes e poderiam fazer parte de um romance ou de um estudo antropológico sobre o relacionamento entre seres humanos. O mais gostoso, porém, é que são pessoas prestes a tomar - ou não - a decisão mais importante de suas vidas naquele período de tempo em que o documentário é realizado.
Nós somos as testemunhas e torcemos por elas.
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